Há mais ou menos 10 dias, o ex-governador Germano Rigotto procurou os principais caciques do MDB e avisou que não será candidato ao Senado. De lá para cá, fez uma espécie de voto de silêncio e não quer falar sobre o assunto, mas a decisão já está tomada: apesar de aparecer com bom desempenho em pesquisas encomendadas por diferentes partidos e da pressão das bases do MDB, vai mesmo pendurar as chuteiras.
Ao governador José Ivo Sartori, Rigotto disse que está à disposição para cumprir qualquer tarefa na campanha, mas não disputará a eleição. O ex-governador comunicou a decisão aos ex-deputados Luis Roberto Ponte e Ibsen Pinheiro, ao presidente do MDB, Alceu Moreira, e a amigos próximos.
O que leva um ex-governador a arquivar o sonho de ser senador justamente numa eleição com duas vagas? Motivos não faltam:
1. Reeleição de Sartori
Como a prioridade do MDB é a reeleição de Sartori, a segunda vaga de senador ficou “guardada” para um possível aliado. A primeira da coligação MDB-PSD-PSB será do ex-deputado Beto Albuquerque (PSB). Rigotto não fez nenhum movimento para apressar a indicação, mas concluiu que agora é tarde para começar uma campanha quase do zero.
2. Concorrência com Ana Amélia e Paim
É muito difícil concorrer com candidatos como Ana Amélia Lemos e Paulo Paim, que contam com estrutura garantida pelo mandato.
3. Sem parceria
Os profissionais que trabalharam em sua última campanha estão comprometidos com outros candidatos: Zeca Honorato e Tânia Moreira farão a campanha de Ana Amélia, e Cleber Benvegnú está com Sartori.
4. Faltou dinheiro
Sem recursos próprios para bancar a campanha, Rigotto teria que contar apenas com R$ 2 milhões do fundo eleitoral – uma ninharia se comparados ao R$ 1,5 milhão que cada deputado federal do MDB receberá. Ele vive da pensão de ex-governador.
5. Onda de desgaste
Rigotto está apreensivo com o cenário que se avizinha. Prevê que a renovação será mínima, dificultando a aprovação das reformas que considera necessárias. Imagina que, ao constatar que o novo Congresso será muito semelhante ao atual, o eleitor ficará revoltado e a classe política sofrerá com nova onda de desgaste.
6. Família
O ex-governador vive um momento familiar especial: acabou de ganhar o primeiro neto, Rodrigo, filho de sua caçula, Roberta, e não se sente motivado para passar longas temporadas fora de Caxias.