A divulgação do projeto de terceirização das operações da TVE e da FM Cultura causou profunda irritação no governador José Ivo Sartori, que não tinha dado aval à proposta construída pelo presidente da Fundação Piratini, Orestes de Andrade Jr. Sartori ficou particularmente incomodado porque sequer foi concluído o estudo sobre a legalidade de contratar uma empresa para produzir o conteúdo a ser veiculado por emissoras cuja concessão é do governo estadual.
Tão polêmica quanto a proposta em si, chamada de "concessão da operação", é o momento para sua apresentação. O governo Sartori tem pouco mais de cinco meses pela frente. Poderia apresentar o novo modelo de gestão da TVE e FM Cultura como proposta de campanha. No afã de criar um fato político, acabou ampliando a confusão em um terreno minado. Nesta quinta-feira (19) mesmo, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) proibiu o governo de consumar a extinção legal da Fundação Piratini.
Orestes antecipou a divulgação porque já estava acertado com o prefeito Nelson Marchezan para ser o secretário de Comunicação e queria apresentar a proposta na qual trabalhou durante 18 meses. Ele diz que o projeto de futuro da TVE e FM Cultura estava aprovado no núcleo de governo desde março. Ele resume assim o cronograma:
— Em abril, o governador aprovou o projeto (e até ampliou alguns itens dele). A ideia era lançar o edital em junho, mas a secretária de Comunicação, Isara Marques, passou a defender que o edital só deveria ser lançado após as eleições. Concordei, mas disse que deveríamos lançar a ideia do projeto de futuro para discussão com a sociedade.
Orestes conta que, na semana passada, pediu ao chefe da Casa Civil, Cleber Benvegnú, para divulgar o novo modelo de gestão, já que estava pensando em aceitar o convite do Marchezan. E que recebeu a autorização.
Benvegnú está em férias desde segunda-feira. Nesta quinta-feira, por telefone, ele e Orestes acertaram a saída do presidente da Fundação Piratini, que assume o cargo na prefeitura no dia 1º de agosto.