A visita do ex-ministro Henrique Meirelles a Porto Alegre, neste sábado, para participar do 2º Congresso do MDB Mulher, poderá ser a última dele como pré-candidato a presidente. A recente pesquisa do Datafolha, que mostra Meirelles ombro a ombro com os candidatos de partidos nanicos, na faixa de 1% das intenções de voto, acelerou as articulações pela sua substituição por um nome da confiança da velha-guarda do MDB, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal e ex-ministro Nelson Jobim.
O movimento, nascido oficialmente de uma iniciativa do diretório do MDB de Santa Maria, com aval do secretário estadual da Segurança, Cezar Schirmer, tem a bênção de gente graúda do partido, que prefere não aparecer – por enquanto –para não tumultuar o processo. O próprio Jobim se faz de morto. Consultado, não impôs restrições, mas ficou observando de longe. Viajou para o Exterior, deixando claro que, se for convocado, está pronto para entrar em campo.
A substituição do candidato foi discutida em recente reunião da executiva estadual do MDB como proposta a ser apresentada ao diretório nacional diante da constatação de que Meirelles não vai decolar e que o centro está órfão de um candidato capaz de fazer frente aos extremos da esquerda e da direita.
Os defensores da alternativa Jobim desfiam uma dezena de argumentos em seu favor: é moderado, tem experiência nos três poderes (foi deputado federal constituinte, ministro dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff e presidente do Supremo Tribunal Federal), é respeitado nas Forças Armadas, não responde a acusação na Lava-Jato e é capaz de se comunicar em português fluente. Votos não tem, mas os outros nomes lançados pelo centro também não têm. Carisma? Jobim tem imagem de arrogante, mas é inteligente o suficiente para descer do pedestal e se comunicar com a ampla fatia do eleitorado que não se vê representada por nenhum dos 19 pré-candidatos já lançados.
– Ele tem potencial para ser a novidade. O Brasil precisa de um estadista para voltar a crescer e não pode se dar ao luxo de apostar em um aventureiro – diz um dos líderes do MDB, confiante de que nem o PT nem o PSDB jogariam pedras no homem que foi ministro nos seus governos.
Até para a possibilidade de Jobim ser carimbado de “candidato do acordão” os líderes do MDB já têm o discurso pronto: a Lava-Jato é irreversível, quem tem contas a acertar com a Justiça deve ser punido, mas o Brasil não pode viver em função da investigação. Por essa lógica, a Lava-Jato é da seara do Ministério Público e do Judiciário. O Executivo tem de ter outra agenda.
Quando se pergunta qual é o prazo para o MDB trocar seu candidato, a resposta que se ouve é imprecisa:
– Vamos ver o que acontece nos próximos 15 ou 20 dias. O país está focado na Copa.
A Copa termina em 15 de julho. Cinco dias depois, começa o período das convenções. Pelo sim, pelo não, o MDB deve fazer a sua no final do prazo legal, que é 5 de agosto.