Talvez a organização da Feira do Livro já tenha pensado nisso, mas, se não pensou, aqui vai a sugestão: promover um encontro entre Pilar del Río e Judith Scliar. Essas duas mulheres têm em comum a condição de viúvas de grandes escritores, o português José Saramago e o gaúcho Moacyr Scliar. São mulheres inteligentes e independentes, que têm seu próprio trabalho e viajaram pelo mundo acompanhando dois contadores de histórias. Já pensaram que bela conversa pode resultar desse encontro?
Já ouvi Pilar dizer que não gosta de ser chamada de viúva, mas é a palavra disponível para designar o cônjuge sobrevivente. Entendo que ela não goste. Não conheço mulher que se sinta confortável em escrever "viúva" quando preenche um cadastro. Nenhum estado civil pode ser pior, porque remete à ausência definitiva.
O que me inspira a sugerir um encontro em Pilar e Judith é o trabalho que fazem pela obra dos homens com quem viveram por muitos anos, acompanharam o processo de criação e agora são guardiãs do legado de seus companheiros. Nem sei se a agenda delas comporta um compromisso a mais, mas propor não custa nada. Se ocorrer, quero estar na primeira fila.
Agora mesmo, Judith está envolvida com a programação dos 80 anos de Scliar. Na quinta-feira (26), no Centro Cultural da Santa Casa, será apresentado o espetáculo Ahavá, amor além das palavras, criado especialmente pelo Grupo Kadima para homenagear o escritor. Será uma noite de música, dança e magia, para manter viva a memória do "escritorzinho do Bom Fim".
Voltando à ideia de um bate-papo entre Pilar e Judith, ouso sugerir que o encontro seja mediado por Alice Urbim, também ela viúva de um grande escritor, o nosso querido Carlos Urbim, que tantas vezes iluminou a Feira do Livro com seu sorriso e seu talento.
Tenho certeza de que Valesca de Assis, a patrona, encamparia essa ideia.