Ainda que a conclusão do acordo entre Mercosul e União Europeia não garanta que o tratado se torne realidade, uma vez que há um longo caminho à frente, da revisão até a aprovação pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu, já é possível traçar vencedores e derrotados. O tratado foi confirmado nesta sexta-feira (6).
As negociações dos últimos dias já mostra quem ganha e quem perde com o acordo.
— Javier Milei muito ladra, mas não morde. Essa já era uma percepção na COP29, em Baku, quando ele retirou a delegação argentina da conferência para criar fato político, mas a ação, em nada, interferiu no documento final. No G20, o normalmente "bravo" Milei poderia ter se recusado a assinar o texto final que trazia pontos rejeitados por sua agenda "ultraliberal", mas, de novo, saiu quieto. Embora despreze o Mercosul, sabe que ruim com ele, pior sem ele.
— Emmanuel Macron, o mais vocal dos líderes europeus contrários ao acordo com o Mercosul, perde a batalha. Seguirá buscando apoio de parceiros europeus até a ratificação do tratado, mas, neste momento, tem problemas domésticos demais para se preocupar.
— Em última análise, diante de uma mundo mais isolacionista, em que instituições internacionais são questionadas sobre sua efetividade, a união de dois grupos de países que encarnam o ideal liberal pós-Guerra Fria (ao menos em tese, com livre circulação de pessoas, bens e capital), a se concretizar, será uma vitória do multilateralismo.