Termina nesta quinta-feira (23) a segunda grande contribuição por parte do grupo de holandeses que esteve no Rio Grande do Sul para fazer um diagnóstico dos sistemas de proteção contra enchentes do Estado.
A primeira parte foi concluída na segunda-feira com a divulgação do relatório que apontou problemas estruturais nos diques e nas casas de bombas, além de fragilidades nas comportas de defesa da Capital. A segunda entrega começou a ser elaborada na terça-feira e envolveu uma conferência de cocriação e compartilhamento de conhecimento Brasil-Países Baixos (o nome oficial da Holanda), realizada no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Participam do debate, fechado à imprensa, integrantes do governo do Estado, prefeituras, técnicos da UFRGS, USP, além de membros da comitiva de especialistas holandeses do Disaster Risk Reduction (DRRS).
Essa etapa do trabalho envolve um debate macro, sobre o chamado Delta Metropolitano, que abarca, além de Porto Alegre, municípios como Canoas, São Leopoldo, Cachoeirinha e Gravataí. Chegou-se a cogitar que os debates seriam ainda mais amplos, envolvendo o Vale do Taquari e outras bacias hidrográficas, mas os debatedores resolveram fechar o escopo das discussões.
As discussões tem sido "ponderadas", segundo apurou a coluna. Ao invés de conversas apenas sobre obras de contenção, como diques, por exemplo, o diálogo tem sido mais focado em iniciativas não estruturais, como governança - a criação de uma autoridade ou órgão que faça a interlocução entre diferentes entes governamentais, como prefeituras, Estados e União, iniciativa semelhante ao que existe na Holanda. Outros temas tratados são o financiamento da transição e adaptação climática.
Uma das preocupações dos especialistas é em relação à "perda da memória muito rápida" em relação à tragédia no Estado. Por isso, foi um apresentado um histórico dos sucessivos eventos extremos a que o Rio Grande do Sul vem enfrentando nos últimos anos. Há também a percepção da necessidade de se criar uma cultura de risco e conscientização - nesse aspecto, a Holanda tem muito a contribuir, uma vez que planos de prevenção são parte do dia a dia. Também fala-se sobre a relevância do planejamento espacial, uma vez que é preciso equilibrar ações entre a ameaça de inundações sem perder os aspectos positivos de se conviver com o Guaíba. Ou seja, não ver a natureza como inimiga.
Ainda não está definido se, dos três dias de workshops, nascerá um relatório formal, a exemplo do diagnóstico feito em relação à situação em Porto Alegre. Possivelmente, os principais pontos serão entregues ao governo do Estado nesta quinta-feira, como uma espécie de conclusão dos debates e como sugestões a serem adotadas.
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