O relatório produzido por especialistas holandeses, que estiveram em Porto Alegre em junho para verificar causas da enchente e sugerir melhorias no sistema de proteção da Capital, apontou que foram detectados erros técnicos de desenho e execução nos diques de Porto Alegre, falhas nas estações de bombeamento e nas comportas e fragilidade no complexo de defesa da metrópole.
O documento foi apresentado nesta segunda-feira (19) em evento no Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae).
— É importante descobrir os dados reais das coisas. Uma conclusão do desastre é de que o desenho do sistema foi feito para um certo nível de enchente, e foi muito maior — disse Ben Lamoree, conselheiro institucional da Agência Empresarial Holandesa e chefe da missão na capital gaúcha.
Conforme o relatório, foram detectados erros técnicos dos diques, principalmente na Zona Norte. Os diques foram construídos pelo extinto Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS) em 1970. Segundo o relatório, alguns pontos dos diques da capital deveriam ter seis metros e alcançam 4,5 metros.
Sobre as estações de bombeamento — quando 20 das 23 falharam — foram constatadas falhas técnicas na localização. As estruturas, conforme os especialistas, estão em um nível baixo e esse seria o motivo da falha no sistema, necessitando que estivessem em uma altura acima da cota de proteção dos diques.
Além disso, os holandeses apontaram que as comportas da Capital falharam ou estavam ausentes.
— Podemos observar aproximadamente 20 pontos de fragilidades que entraram água em Porto Alegre. Achamos que estávamos protegidos e nunca estivemos para esse nível de chuva (de maio) — afirmou o diretor-geral do Dmae, Mauricio Loss.
Entre as recomendações, o grupo de holandeses sugeriu a garantia da disponibilidade de capacidade de bombeamento temporário para emergências, além do monitoramento de curto prazo do sistema de diques.
No conjunto, ainda apontaram soluções para aumentar a infraestrutura de proteção contra inundações e para reduzir os níveis máximos de inundação ao redor de Porto Alegre.
Conforme o grupo, "medidas não estruturais são essenciais, como a adaptação da governança institucional multinível de proteção contra inundações". Também foi apontada a necessidade de se criar alertas precoces e assertivos para a população em casos de emergência.
A comitiva é formada por especialistas do programa de Redução de Risco de Desastres (Disaster Risk Reduction - DRRS), vinculado à Agência Empresarial Holandesa (Netherlands Enterprise Agency - RVO). Não houve custos para a prefeitura. As ações são coordenadas pela Rede Diplomática e Econômica Holandesa no Brasil, por meio da Embaixada, do Consulado Geral de São Paulo e do Escritório Holandês de Negócios na Região Sul do Brasil (NBSO Porto Alegre).