Em entrevista na manhã desta quarta-feira (7), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou o setor dos biocombustíveis como motor do plano de reindustrialização do país. Ele disse que o Rio Grande do Sul "vai dar um salto na agroindústria", a partir da inauguração de novas estruturas para a fabricação do chamado "combustível verde".
- Onde tem soja vai ter fábrica de biocombustível - disse.
A afirmação foi feita durante o programa "Bom dia, ministro", organizado pela Secretaria de Comunicação do governo federal (Secom).
Alckmin lembrou que, em setembro, durante a cúpula do G20, em Nova Délhi, o presidente Lula, o americano Biden e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, criaram a Aliança Global de Biocombustíveis. Estados Unidos, Brasil e Índia são os três maiores produtores de biocombustíveis do mundo. A missão é fomentar o uso de biocombustíveis no planeta, como forma de atender a um dos compromissos assumidos no Acordo de Paris, durante a COP21, em 2015, para conter o aquecimento global. A estratégia da aliança é criar um “cinturão de bioenergia” na zona tropical, para disseminar a produção e o consumo dos biocombustíveis –etanol, biodiesel, biometano e bioquerosene de aviação, por exemplo.
Durante a entrevista, Alckmin também enfatizou as medidas adotadas pelo governo para melhorar a competitividade da indústria química gaúcha.
- Fizemos o Regime Especial da Indústria Química, como forma de melhorar a competitividade do setor e para que ele possa disputar com China e outros países asiáticos. Também reduzimos o imposto dos insumos da indústria química, o que deu a ela mais competitividade. Esse era um pleito importante do Rio Grande do Sul - afirmou.
"Crédito da enchente"
Questionado pela coluna sobre previsões para destravar o crédito subsidiado que chegou a ser anunciado pelo governo federal para grandes empresas atingidas pelas enchentes no Vale do Taquari, o ministro foi evasivo. Até o momento, chegou recurso para pequenas empresas, por um Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) já encerrado, e para pequenos agricultores. Porém, as maiores empregadoras ainda não receberam o apoio financeiro. Alckmin lembrou sua visita à região, no auge da crise.
- Vi granjas de porcos, de aves, de leite, devastadas. As pequenas atividades agrícolas tiveram apoio do Pronaf, recursos do Banco do Brasil. Vou verificar a questão das empresas maiores, aí é mais o BNDES, mas o governo, da mesma forma que apoiou as pequenas empresas, também apoiará as maiores - garantiu.
O vice-presidente enumerou as ações durante as tragédias:
- Ajuda humanitária, trabalho do Exército e Defesa Civil no sentido de salvar vidas, de ajudar a população. Depois, de recuperação, apoio a cidades, que fizeram convênio com o Ministério de Desenvolvimento Regional, e o governo transferiu o dinheiro para elas. Depois, a recuperação da infraestrutura destruída: rodovias, pontes. E, depois, o atendimento ao setor produtivo.
Desoneração da folha
O vice-presidente também citou o tema da desoneração da folha de pagamento de 17 setores produtivos, medida que já foi encaminhada ao Congresso.
- O caminho é o do diálogo. O governo vai levar adiante a desoneração da folha e vai fazer isso de maneira gradual. Passado o Carnaval, retomaremos as negociações para que a economia possa voltar a crescer forte e de maneira sustentável - disse.