Conversei agora há pouco com o coronel Luciano Moritz Bueno, o comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar (BM), a respeito dos vídeos que circulam em redes sociais sobre o uso de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo por parte dos policiais para dispersar manifestantes que exigiam o retorno da energia elétrica em Porto Alegre, nos últimos dias.
O comandante explicou que foram mais de cem bloqueios na cidade desde quinta-feira (18), quando começaram os protestos devido à demora no retorno da luz.
Em três casos, o coronel Luciano explicou, foi necessária abordagem mais incisiva. Um dos casos é mostrado em um vídeo na Avenida Eduardo Prado, no sul da Capital, em que aparecem policiais com escudos avançando e disparando bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. As imagens foram gravadas por Diego Garcia, do site portoalegre24horas.
A BM diz que os ânimos estão muito exaltados, mas que a prioridade é a negociação.
Trata-se de uma linha tênue: as pessoas têm o direito de protestar. Quem está sem luz vive a indignação de ver produtos apodrecendo na geladeira ou precisa de refrigeração para acondicionar medicamentos, por exemplo. Me solidarizo e, nos espaços que ocupo na RBS, tenho cobrado da RGE, da CEEE Equatorial e do poder público uma atitude resolutiva. Não só para esta vez. Mas o que será feito daqui para frente, uma vez que os eventos extremos serão mais frequentes em razão das mudanças climáticas?
Agora, o direito de ir e vir do cidadão também tem de ser preservado. E é nessa linha tênue que os policiais atuam: aliás, muitos brigadianos também enfrentam o problema da falta de luz em suas casas, com suas famílias.
Se não atuar diante das interrupções das vias, se não desobstrui-las, o policial estará prevaricando, crime cometido por funcionário público. Se atuar, pode ser acusado e eventualmente se exceder no uso da força.
Nessas horas, eu sei que é difícil, mas o mais importante é a busca pelo equilíbrio: as pessoas estão indignadas, e com razão. É um absurdo o que está ocorrendo. Agora, bloquear via é ilegal. Tocar fogo em pneus e utilizar pedras nos atos são atitudes que podem acabar ferindo alguém. A BM também, claro, tem de agir dentro do espírito do diálogo.
Diálogo, por mais difícil que seja, é o melhor caminho.