O caucus de Iowa, que abriu a corrida eleitoral nos Estados Unidos, no dia 15 de janeiro, é relevante por ser a primeira etapa de uma longa, penosa e cara disputa política. Mas ganhar no Estado pouco determina o sucesso ou o fracasso de uma candidatura, que depende de uma conjugação entre arrecadação de recursos financeiros, estratégicas de marketing e táticas que se aproximam muito mais das de uma maratona do que de uma corrida de cem metros rasos.
Na conservadora Iowa, os republicanos costumam levar vantagem na eleição presidencial - em 2020, Donald Trump conquistou 53,1% dos votos (e levou os seis votos dos delegados no Colégio Eleitoral) contra 44,9% de Joe Biden, que, no todo, acabou elegendo-se.
A diferença de Iowa este ano é o gigantismo da vitória de Trump na disputa pela nomeação interna do Partido Republicano. O ex-presidente foi avassalador: ganhou em 99 condados do frio Estado do interior americano - no único que perdeu, foi por apenas um voto.
Sua vantagem em relação ao segundo colocado, o governador da Flórida Ron DeSantis, foi de 30 pontos percentuais. Como Iowa é um Estado vermelho sólido, costuma representar um bom termômetro da situação dos republicanos como um todo. Logo, Trump vai bem, obrigado.
O próximo embate na legenda será na terça-feira (23), em New Hampshire, um Estado menos conservador do que Iowa (aliás, lá democratas costumam ganhar na eleição presidencial). Trump também deve vencer nas prévias, mas com uma diferença menor em relação à segunda colocada - as pesquisas o colocam em primeiro lugar com 50%, contra Nikki Haley, 36%).
Todos os olhos já começam a mirar a Carolina do Sul, Estado natal de Nikki e do qual foi governadora. Se perder as prévias em 24 de fevereiro em seu feudo político, Nikki praticamente pode abandonar a corrida.
Por absoluta falta de opção forte, pela dependência dos republicanos em relação a Trump, pela eficiente máquina de propaganda e dinheiro e, admita-se, por sua popularidade, o ex-presidente é imbatível. Ninguém vai pará-lo. Provavelmente, nem a Justiça. Nos Estados Unidos, diferentemente do Brasil, não há Lei da Ficha Limpa. Logo, Trump, mesmo respondendo a acusações nos âmbitos cível e criminal, poderá concorrer à Casa Branca. A única esperança dos adversários reside no processo que o acusa de rebelião no atentado contra a democracia nos episódios de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio. Se mesmo assim seu nome constar na cédula em novembro, provavelmente nem Biden irá contê-lo.