Um bom termômetro para se medir o interesse com o qual o mundo observa as eleições no Brasil neste domingo (2) é o fato de alguns dos principais veículos de comunicação globais terem aberto cobertura ao vivo em seus sites e aplicativos para acompanhar a apuração em tempo real. Às 18h30min, o pleito no Brasil, a quarta maior democracia do planeta, era manchete em praticamente todos os grandes jornais internacionais.
Em sua home, a rede americana CNN destaca "o clima de tensão sem precedentes". "Embora haja quase uma dúzia de candidatos, a corrida foi dominada por dois oponentes: o atual presidente de direita Jair Bolsonaro e o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva", diz a reportagem.
O título refere-se ao presidente e candidato à reeleição como "Trump dos trópicos", alcunha que se tornou comum na imprensa dos Estados Unidos devido à aproximação e ao alinhamento ideológico entre Bolsonaro e o ex-presidente republicano.
A CNN destaca como um sinal de risco da tensão - e o medo de violência - o fato de que tanto Lula quanto Bolsonaro foram vistos ladeados por seguranças e policiais, "inclusive usando coletes à prova de balas.
Na capa de The New York Times, o jornal mais influente do mundo, a reportagem diz: "Urnas fecham em disputa de alto risco para ser o próximo líder brasileiro". O diário nova-iorquino abriu cobertura ao vivo a partir da tarde.
O principal jornal da capital americana e outro dos mais influentes do mundo, The Washington Post dizia no título: "Brasil toma decisão crucial - Mais Bolsonaro ou volta para Lula?"
O texto destaca a intensa participação dos eleitores: "Milhões de pessoas em todo o Brasil foram às urnas para o primeiro turno de uma eleição presidencial que aprofundou as divisões no país mais populoso da América Latina e levantou temores de violência em um momento crucial de sua história", afirmou.
O jornal pontuou que a votação se resume a uma decisão entre "dois gigantes políticos messiânicos" (...) "Eleitores, analistas e os próprios candidatos enquadraram a eleição como uma escolha existencial, menos sobre política e mais sobre o próprio caráter da nação".
As expressões "escolha existencial" e "caráter da nação" fazem referência a uma sensação semelhante à encarada pelos Estados Unidos no pleito de 2020, entre o presidente eleito Joe Biden e o rival, Trump.
"O Brasil quer ser liderado por um homem que descartou uma doença (covid-19) que já matou mais de 685 mil pessoas e expressou admiração pela antiga ditadura militar? Ou prefere um homem que foi condenado por corrupção e preso por isso?", questiona o Post.
Do outro lado do Atlântico, no Reino Unido, The Guardian acompanha a apuração em tempo real, com seção especial em sua capa: "Eleições ao vivo no Brasil - Votação é encerrada na quarta maior democracia do mundo". Subtítulo destaca: "Pesquisas sugerem maioria geral para Lula"
O jornal também chama atenção para a agilidade da apuração: "Apesar de o Brasil ser a quarta maior democracia do mundo, os resultados do desejo de mais de 150 milhões de eleitores são apresentados poucas horas após o encerramento das urnas, graças ao sistema de votação eletrônica do país. E nenhuma fraude significativa jamais foi detectada", explicou.
The Independent, também britânico, destaca que "brasileiros fizeram fila em seções eleitorais em todo o país, assim como em muitos países ao redor do mundo – incluindo o Reino Unido -, para votar no próximo presidente.
O francês Le Monde também pontua o clima de apreensão. "Lula favorito, desinformação e tensões", diz.
Na América Latina, os dois principais jornais argentinos trazem como manchete o pleito brasileiro. "Lula Da Silva e Bolsonaro lutam voto a voto", diz o Clarín, que também tem cobertura em tempo real. O concorrente La Nacion tem abordagem semelhante: "Tensa apuração no Brasil - Lula e Bolsonaro lutam voto a voto".