Depois de uma pausa de 16 anos, um evento reúne nesta quinta-feira (30), em Porto Alegre, empresários, políticos e diplomatas de seis países, além do Brasil, para debater a maior inserção do Rio Grande do Sul no cenário econômico internacional. O Encontro de Embaixadores, organizado pela Federasul, contou com a parceria das principais federações empresariais do Estado, Farsul e Fecomércio e Fiergs. Cerca de 250 participantes lotaram o salão nobre do Palácio do Comércio, no Centro Histórico.
- Vivenciamos, a humanidade toda, uma experiência pela qual não imaginávamos passar: enfrentamos a maior pandemia dos últimos cem anos. E o que podemos fazer agora é buscar compreender a nova conjuntura e nos posicionar diante dos novos cenários e desafios que uma realizada completamente em mutação nos impõe - disse o presidente da Federasul, Anderson Trautman Cardoso, no discurso de abertura do evento.
Segundo ele, a crise da covid-19 e a guerra na Ucrânia revelaram problemas e desafios, mas também oportunidades, em parte em razão das mudanças nas cadeias globais de produção.
- Nas últimas décadas, vimos negócios transferirem toda sua base produtiva para alguns poucos mercados. Se por um lado essa mudança reduziu custos, por outro deixou cadeias suscetíveis a crises - afirmou. - Queremos propor que os países vejam o Brasil e o RS como importante ator nesse processo de diversificação das cadeias globais.
O secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Joel Maraschin, destacou a missão gaúcha enviada à Alemanha e visitas a empresas do setor de energia.
- A indústria do RS não vai crescer se não tivermos capacidade de entrega de energia - afirmou.
No painel Inovação como base para o desenvolvimento, o embaixador de Israel, Daniel Zonshine, destacou os desafios para o desenvolvimento da economia em seu país, como escassez de recursos naturais e guerras. Ele destacou que a cultura de negócios em israel se deve à necessidade de existir como nação e de um espírito de "informalidade" da sociedade não hierárquica, considerada uma "nação de startups". Segundo ele, são 1,4 mil empresas desse tipo criadas em média por ano. Israel investe 4,55 do Produto Interno Bruto (PIB) em pesquisa e desenvolvimento.
- Hoje, Israel é o Vale do Silício do Oriente Médio e é o pais que mais investe em pesquisa e desenvolvimento em porcentagem do PIB do mundo - destacou Zonshine.
Em seu pronunciamento, o cônsul dos Estados Unidos no Rio Grande do Sul, Shane Christensen, destacou a parceria entre o governo e o Brasil no momento em que o mundo enfrenta desafios como a invasão da Ucrânia.
- São duas das maiores democracias no mundo. e o mundo precisa que trabalhemos juntos para resolver os problemas globais - declarou.
Shane lembrou o encontro entre os presidente Joe Biden e Jair Bolsonaro, durante a Cúpula das América, em junho, e o compromisso acertado durante a reunião em trabalharem juntos no desenvolvimento sustentável para reduzir drasticamente o desmatamento.
Sobre o Estado, Shane afirmou reconhecer os esforços do governo gaúcho, trabalhando lado a lado com setores empresariais. O diplomata destacou ações do consulado em apoio ao ecossistema de inovação no Estado, como a participação no South Summit, evento de inovação que ocorreu em Porto Alegre, em maio. Ele destacou ainda programas americanos para aprendizagem do inglês para empreendedores sociais no Estado e ressaltou o comprometimento do governo americano em criar uma "sociedade mais forte, diversificada e tolerante".
- Os EUA querem fazer parcerias com vocês para construir redes diversas e transparentes - afirmou.
O terceiro painel debate, sobre as relações comerciais do Estado com a China, contou com a participação, por vídeoconferência, da ministra conselheira da embaixada chinesa, Shao Yingjun.
- A cooperacao econômica comercial entre China e Brasil está se desenvolvendo vigorosamente - destacou, salientando a participação de soja e carne bovina brasileira na importação chinesa.
Segundo ela, atualmente, cerca de 300 empresas chinesas investem no Brasil, com valor de US$ 80 bilhões.
Shao salientou que o desenvolvimento da China continuará gerando oportunidades para empresas em todo o mundo e convidou os empresários gaúchos a visitarem a Exposição Internacional de Bens de Consumo da China (Hainan Expo), que se realizará entre 26 e 30 de julho, em Hainan, e a Exposição Internacional de Importação da China (CIIE), de 5 a 10 de novembro, em Xangai.
- A china não fechará a porta de abertura, ela só abrirá mais e de forma mais ampla - resumiu a diplomata.
A última mesa, que debateu a situação econômica dos países vizinhos e perspectivas das relações comerciais com a União Europeia (UE), contou com representantes de Uruguai, Paraguai e Argentina e com o cônsul da Alemanha no Estado, Milan Simandl. A última vez que o encontro havia sido realizado fora em 2006.