Ao invadir a Ucrânia o presidente da Rússia, Vladimir Putin, não apenas se mostrou um mentiroso como debochou da comunidade internacional. Primeiro porque sempre que os Estados Unidos afirmavam que ocupação era iminente, autoridades do Kremlin vinham a público desmentir. Infinitas vezes, a Rússia disse que não tinha a intenção de atacar a Ucrânia, embora a concentração de tropas a reunião de capacidades militares nos arredores do país vizinho indicassem o contrário.
Segundo, Putin debocha do Ocidente porque o deslocamento do aparato bélico de Rússia para dentro das fronteiras da Ucrânia reconhecidas internacionalmente ocorreu ao mesmo tempo em que seu governo presidia a reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, que tinha o objetivo de buscar o diálogo, uma saída pacífica para a crise. Por que presidia o encontro? Porque a Rússia, neste momento, detém a presidência rotativa do Conselho.
Ora, a função da Organização das Nações Unidas (ONU), criada no pós-II Guerra Mundial, é justamente evitar guerras - em ato extremo para que os horrores do conflito global entre 1939 e 1945 nunca se repitam. A Carta das Nações Unidas defende a legislação internacional, a soberania dos povos, a integralidade territorial dos países, tudo o que foi violado pela ordem de Putin neste 24 de fevereiro de 2022.
Mas não é a primeira vez que a ONU se mostra uma entidade inócua, incapaz de evitar um conflito ou de garantir o cumprimento da lei internacional. Foi assim em Ruanda, em 1994, quando não conseguiu evitar o massacre de pessoas dos grupos étnicos tutsi por hutus. Foi assim no Iraque, em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o país do Golfo Pérsico passando por cima da entidade e baseando-se em argumentos falaciosos das armas de destruição em massa. É assim em 2022, quando Putin atropela o mundo e rasga os princípios do Direito Internacional no pior estilo manda quem pode; obedece quem precisa.