É um dia triste para a história mundial. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou a operação militar de invasão da Rússia na Ucrânia, que se iniciou por volta das 5h (horário local de Moscou). Ainda não há informações claras se a invasão ocorrerá pela Crimeia, no Sul, ou na região do Dombas, no leste ucraniano.
Putin prometeu que a operação será restrita às duas regiões reconhecidas por ele como independentes na última segunda-feira (21): Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. Mas não é porque se restringe a Dombas que a ofensiva não é grave. Além disso, Putin ressaltou que qualquer ameaça de segurança à Rússia será respondida.
A situação toda é muito grave e histórica. Trata-se de uma violação a um país independente e soberano, que é a Ucrânia. Neste momento, a Rússia começa a redesenhar a estrutura de segurança estabelecida após a guerra fria na Europa.
Outro fato curioso é de que o anúncio da invasão ocorreu enquanto a Rússia presidia uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York. Ao mesmo tempo em que os diplomatas russos ouviam pedidos de paz e negociação nos Estados Unidos, a invasão na Ucrânia era anunciada por Putin.
O certo é que 24 de fevereiro de 2022 vai entrar para a história. Com a Rússia se reposicionando como potência no sistema internacional após décadas de ostracismo, crise econômica e o colapso da União Soviética. Putin assumiu a presidência em 1999 prometendo retomar essa potência. E aquele ditado que diz "A Rússia sem a Ucrânia é um país; a Rússia com Ucrânia é um império", está valendo para Putin, que está reorganizando as fronteiras em parte da Europa.
De parte da Ucrânia, nada pode ser feito. A Ucrânia está solitária. Ela não pertence à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, portanto, esse não é um ataque aos países aliados do grupo de nações ocidentais. Na prática, Estados Unidos e Europa não podem fazer nada em termos militares para proteger a Ucrânia, que está só neste momento. A grande dúvida das próximas horas é se Putin vai restringir a ação para a região do Dombas, ainda que só isso já seja extremamente grave.
Porém, ao menos duas explosões foram ouvidas no centro de Kiev, testemunharam jornalistas da agência AFP, após o anúncio da operação. O mesmo ocorreu na cidade portuária de Mariupol, a principal cidade controlada por Kiev perto da linha de frente no leste. Essas informações, portanto, parecem indicar que Putin está indo além do que prometeu inicialmente.