Um dos países que, na primeira onda, conseguiu conter o coronavírus e agora avança rapidamente rumo à imunização total da população, o Uruguai implementou novas medidas de restrição diante do agravamento da crise da covid-19 no Brasil.
Está claro que o descontrole da pandemia do lado de cá na fronteira provoca temores nos vizinhos. Além do Uruguai, Argentina e Paraguai implementaram nas últimas semanas novas ações para evitar o transbordamento do coronavírus para seus territórios - o que é praticamente impossível, uma vez que a variante brasileira já circula nesses países.
No pacote de 15 ações anunciadas na terça-feira (23) pelo presidente Luis Lacalle Pou está o fechamento dos free shops na fronteira. Ele explicou que 80% dos contágios em Rivera, dividida apenas por uma avenida da gaúcha Santana do Livramento, foram pela cepa P.1, descoberta no Amazonas.
Os free shops ficarão fechados até pelo menos 12 de abril.
Entre outras ações, estão suspensos espetáculos públicos e práticas esportivas em clubes e ginásios - sobre a suspensão de esportes profissionais a questão ainda não está decidida.
Também foram suspensas as aulas em todos os níveis. E foi reinstalado o chamado "tributo covid-19", por dois meses. A medida, que já vigorou no ano passado, consiste de um imposto a todos os funcionários públicos que recebem rendimentos superiores a 120 mil pesos. O arrecadado passa a fazer parte de um Fundo Coronavírus, destinado a apoiar atividades econômicas prejudicadas pela redução da mobilidade - inclusive para o "Plan de Equidad", equivalente uruguaio ao auxílio emergencial brasileiro.
- A transformação é passar do "fique em casa" do ano passado para "fique na sua bolha" - disse Lacalle Pou.
Ao contrário de muitos países, na primeira onda, o Uruguai não impôs confinamento obrigatório da população. Apelou ao bom senso, para que as pessoas ficassem em casa, se possível. Assim, reduziu muito o nível de transmissão. Hoje, o país registra, segundo a Universidade Johns Hopkins, 827 mortos e 86 mil infectados por coronavírus.
Em termos de vacinação, é um dos mais avançados, embora tenha sido o último a começar a campanha na região. Até esta quarta-feira, aplicou 10,84 doses por cem habitantes - percentual superior a Brasil (7,16) e Argentina (7,17).