O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou nesta terça-feira (23) uma série de ações para tentar frear o avanço do contágio de coronavírus. Entre as medidas está o fechamento de repartições públicas, a suspensão total das aulas presenciais e o fechamento de free shops na fronteira. O conjunto de normas visa "reduzir a mobilidade" no país para conter a forte escalada das infecções por covid-19, segundo o governo uruguaio.
O decreto, que vale até o dia 12 de abril, também cita o fechamento de todos os serviços públicos exceto os essenciais, a suspensão de espetáculos públicos e proíbe a abertura de ginásios.
O presidente do Uruguai também anunciou a suspensão de aulas presenciais em todos os níveis de ensino até a Páscoa.
— Temos uma cepa muito poderosa na capacidade de penetração e contágio: infecta 2,5 vezes mais que a outra — explicou o presidente sobre a descoberta da variante brasileira P1 no país, noticiada na segunda-feira (22).
— Temos uma situação complexa no sistema de saúde, principalmente pressionando as UTIs — acrescentou.
Diante disso, o presidente informou que serão incluídos mais 129 leitos de tratamento intensivo e a aquisição de mais respiradores. Na área econômica, o presidente uruguaio afirmou que o valor da assistência social recebida por quase meio milhão de uruguaios por meio de diferentes programas dobrará em dois meses e o imposto especial sobre os altos salários dos funcionários públicos será restabelecido por dois meses.
A arrecadação desse imposto, que já foi implantada em 2020, "irá para as atividades prejudicadas pela redução da mobilidade", segundo o presidente.
— Não somos a favor do confinamento total ou da quarentena obrigatória — afirmou, Lacalle Pou, destacando mais uma vez o conceito de liberdade responsável de cidadania.
Nas últimas horas, comunidades científicas e acadêmicas e até a oposição e parceiros políticos do governo passaram a exigir medidas mais restritivas para conter as infecções. Embora a vacinação avance a bom ritmo — em 23 dias, 10% da população já recebeu a primeira dose do CoronaVac ou Pfizer —, desde fevereiro os números diários de casos e óbitos não param de bater recordes.
Na segunda-feira, 2.682 novos casos e 19 mortes foram registrados, os maiores números desde a declaração da emergência sanitária em março de 2020.
O país de 3,4 milhões de habitantes — que na maior parte de 2020 foi um modelo na América Latina por seu controle bem sucedido da pandemia — registra 84.212 infecções e 827 mortes por covid-19.