A essa hora, no ocaso de 2019, o coronavírus já batia à porta do mundo, com os primeiros casos surgindo na China naquele dezembro.
O primeiro texto que esta coluna publicou sobre a então misteriosa doença foi em 23 de janeiro, cobrando transparência da ditadura comunista, que já blindava Wuhan, berço da doença, mas não explicava, em detalhes, como, quando e o que fizera para conter a crise - até hoje, diga-se de passagem, não o fez.
Mas naquele 30 dezembro, quando tradicionalmente costumamos projetar o ano que se aproxima, outras eram as preocupações: havia cenas dramáticas em Hong Kong de confronto entre manifestantes pró-democracia e forças favoráveis a Pequim, a eliminação do general iraniano Qassem Suleimani por ordem de Donald Trump ameaçava levar o Oriente Médio a uma nova guerra, enquanto, aqui na América Latina, Evo Morales renunciava sob pressão dos militares na Bolívia, o kirchnerismo voltava ao poder na Argentina, a direita desbancava a esquerda após 15 anos de governo no Uruguai e o Chile tremia sob protestos que exibiam a desigualdade social escancarada no país que era até então vitrine das medidas neoliberais no continente.
Para 2020, pontuei que a eleição americana seria o fato político mais importante do cenário global e que "só uma tragédia tiraria o segundo mandato de Trump". A tragédia veio na forma da covid-19, e o republicano foi derrotado em parte pela péssima gestão da crise que não foi só sanitária, mas também política e econômica, virando de cabeça para baixo as Relações Internacionais.
O que esperar de 2021 após um 2020 sombrio? Infelizmente, o certo é que a covid-19 vai continuar nos acompanhando por mais algum tempo - no Brasil, tudo indica, mais do que em muitas outras regiões do planeta. Mas a boa notícia é que a cada dia novas nações começam suas campanhas de vacinação.
Há também importantes processos políticos em marcha na Europa - com a saída de cena de Angela Merkel - e na América Latina (eleições em vários países) e, nos Estados Unidos, onde inaugura-se, já no dia 20 de janeiro, a era Joe Biden e Kamala Harris no poder.
No último post de 2020, nosso vídeo da série "O mundo em 3 minutos" aborda cenários para o ano que está chegando. Só clicar ali acima. Espero que apreciem!
Aproveito para desejar a vocês que acompanharam a coluna nessa jornada dura que fica para atrás um 2021 muito melhor do que fora o tempo que passou. Até janeiro!