Desde quarta-feira (15), uma polêmica toma as redes sociais: o Google teria deixado de exibir a Palestina em seu aplicativo de mapas, o Google Maps.
A história ganhou corpo depois de uma publicação da Embaixada do Estado da Palestina, em Brasília, feita na página oficial da representação no Facebook: "A Palestina não aparece mais no Google Maps", diz o título do post. Em seguida, o texto continua: "Hoje, nas primeiras horas do dia 14 de julho, a Palestina não é mais um local, de acordo com o google maps (sic). A Faixa de Gaza é mencionada e marcada, mas onde a Palestina existia agora é simplesmente uma parte da Grande Israel".
A embaixada compartilha um texto de 14 de julho de um site chamado The World Media que informa, falsamente, que os mapas deixaram de ser mostrados.
O argumento da embaixada é de que o desenho teria sido retirado do Google Maps devido à anexação dos territórios por Israel.
Embora o post não cite, recentemente, Israel aprovou um projeto que prevê a anexação pelo país do Vale do Jordão e das colônias judaicas estabelecidas na Cisjordânia, território ocupado por israelenses desde 1967. A estratégia tem como origem um plano apresentado pelo governo Donald Trump como suposta "solução" para o impasse no Oriente Médio. Prevê a criação de um Estado palestino em um território fragmentado e sem Jerusalém Oriental como sua capital. Os palestinos e boa parte da comunidade internacional rejeitam a ideia. E talvez seja este um dos motivos de a polêmica ter ressurgido.
O texto da embaixada no Facebook afirma apenas: "Parece que a colonização EUA/Israel continua. Táticas de roubo de terras que serviram tão bem aos EUA na eliminação de seus povos indígenas foram repetidas no Oriente Médio".
Na verdade, a Palestina não foi retirada do Google Maps. Isso porque ela nunca apareceu na forma de um Estado (ou seja, com as fronteiras delineadas em risco contínuo). Cisjordânia e Faixa de Gaza, que, juntas, formam os Territórios Palestinos, aparecem com os limites na cor cinza tracejado. Mais sobre a representação você pode ler aqui, na própria página de suporte do Google.
Delinear com traços é a forma como o Google representa áreas sob disputa. O mesmo ocorre com a Crimeia, território na Ucrânia anexado pela Rússia, e com a Cachemira, disputada por Índia e Paquistão.
A polêmica sobre o suposto desaparecimento da Palestina no Google Maps é antiga e remonta a 2016. Na época, vários internautas também reclamaram que a companhia supostamente teria apagado os territórios. A hashtag "PalestineIshere" foi compartilhada mais de 260 mil vezes à época.
Procurado nesta quinta-feira (16), o Google informou que não se manifestaria porque a polêmica é antiga.
Em entrevista à coluna, o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, afirmou.
– Esta é uma maneira de tentar apagar a memória. Fazem isso desde 1948, seguem apagando a memória e o nome da Palestina. Isso é parte de uma conspiração que quer anular a Palestina e o povo palestino do mapa. É parte de todo um esforço israelense e norte-americano para impor a posição deles, de que não a Palestina não existe.
Informado de que o Google nunca tratou os Territórios Palestinos em seus mapas como um Estado, o embaixador declarou:
- Nunca apareceu território palestino? Pior ainda. Então, por favor, que coloquem. E se isso incomoda a eles (Google), nos incomoda ainda mais ignorar a Palestina. Se uma informação incomoda ao Google, a vida de 13 milhões de palestinos incomoda a nós.
No final da tarde, a embaixada retirou a publicação de sua página no Facebook.