Depois da reportagem em GaúchaZH, na qual expliquei o que se sabe (e o que não se sabe) sobre a origem do coronavírus na China, alguns leitores entraram em contato com a coluna questionando a razão de os principais centros econômicos do país, como Pequim e Xangai, não terem sido afetados pela covid-19.
Essa informação tem sido divulgada nas redes sociais como suposta prova de que a China criou o vírus em laboratório para espalhá-lo ao resto do mundo.
É falso que essas metrópoles não tiveram casos.
O site da Universidade Johns Hopkins registra 593 infectados em Pequim e 639 em Xangai. Os números, no entanto, são bem menores do que os de Hubei, onde fica Wuhan, que contabilizou 68 mil doentes.
Pode-se até questionar a magnitude da crise em Pequim e Xangai, mas não é verdade que não há registro de casos. Um estudo realizado pela Universidade de Saúde Pública de Hong Kong sugere que o número de infectados em toda a China pode ser quatro vezes maior do que o oficial. Até 20 de fevereiro, quando o país era ainda o epicentro da pandemia, autoridades anunciavam ter registrado 55 mil casos de covid-19 no país. O próprio governo central já reviu os números de Wuhan.
Outros pontos que despertam suspeitas sobre a origem do vírus na China, o que existe de evidências sobre um possível "vazamento" do patógeno do laboratório de Wuhan e como líderes internacionais elevam a pressão sobre Pequim, exigindo explicações sobre falta de transparência e gestão confusa durante a crise na nação do Extremo Oriente, estão na reportagem disponível aqui.