Por 26 anos, o Sri Lanka enfrentou uma guerra civil entre o governo desse país-ilha e a guerrilha Tigres da Libertação do Tamil Eelam. Tratava-se de um conflito separatista sem cunho religioso. Os tigres queriam a independência da região norte e leste da nação, que chamariam de Tamil Eelam.
Não conseguiram. Mais de 70 mil pessoas morreram na guerra, em grande parte por conta de atos terroristas do grupo.
O que diferencia as ações dessa organização do massacre do domingo de Páscoa (21) é a conotação religiosa. Os tigres não tinham interesses de fé. Espalhavam o terror tendo em vista motivações estritamente políticas e separatistas.
Bem diferente do National Thwheeth Jama'ath, organização apontada nesta segunda-feira (22) como autora dos atentados às igrejas e hotéis de Colombo, que mataram pelo menos 253 pessoas.
Este grupo até então pouco conhecido fora das fronteiras do Sri Lanka tem orientação islâmica radical — foi, inclusive, banido por muçulmanos moderados. É bem menor do que os tigres e ficou conhecido por destruir estátuas budistas. Desde 2016 seus líderes são caçados país afora.
Os ataques de domingo foram sua estreia no cenário do terrorismo global. Acredita-se que a organização tenha recebido apoio de outros grupos com maior conhecimento logístico e técnico para execução, como Al-Qaeda ou o Estado Islâmico, hoje com pouca capacidade de atuação fora da Síria e do Iraque, mas, ainda assim, contando com simpatizantes da causa radical sem ligação direta com a cabeça da entidade.
A grande discussão agora no Sri Lanka gira em torno de se descobrir as razões de as autoridades políticas terem aparentemente ignorado um relatório dos serviços secretos, de 11 de abril. No report, os agentes alertavam sobre a possibilidade de um atentado contra igrejas cristãs durante a Páscoa.
O documento já citava o grupo e nomeava alguns de seus líderes. O tuíte abaixo é do ministro das Comunicações, Harin Fernando, que publicou na rede social cópias do texto, alegando que o governo não foi informado sobre o alerta.