Detida na quarta-feira (13) na redação do site de notícias Rappler, a jornalista Maria Ressa foi libertada nesta quinta-feira (14) nas Filipinas, após pagamento de fiança no valor de US$ 1,9 mil (R$ 7,2 mil).
Ela passou a noite presa após ser condenada a 12 anos de detenção. Irá responder ao processo em liberdade. A acusação: "difamação cibernética" devido a uma reportagem publicada em 2012 que relacionava um empresário a assassinatos e tráfico de drogas e de pessoas.
Para organizações internacionais, a prisão e o processo são tentativas de intimidação do trabalho jornalístico independente exercido pelo Rappler. Maria é diretora do veículo de comunicação, um dos últimos a exercer o jornalismo independente no país.
No ano passado, ela foi laureada com a Golden Pen of Freedom (Caneta de Ouro da Liberdade) pela Associação Mundial de Jornais e pelo Fórum Mundial de Editores. Também foi uma das personalidades do ano escolhidas pela revista Time.
O governo do presidente Rodrigo Duterte deflagrou uma ofensiva contra o Rappler por considerar o site "uma agência de fake news". O veículo tem denunciado as sucessivas violações aos direitos humanos cometidas por autoridades engajadas na luta contra a criminalidade e o narcotráfico.
— Para mim, isso é abuso de poder. É preciso expressar indignação e fazê-la agora. Liberdade de imprensa não é apenas sobre jornalistas, não é apenas sobre nós, não é apenas sobre mim, não é apenas sobre o Rappler. Liberdade de imprensa é a base do direito de cada filipino saber a verdade — disse Maria em entrevista após deixar a prisão.