Um dos maiores prêmios de jornalismo do mundo, concedido a personalidades que lutam pela liberdade de imprensa e expressão, o Golden Pen of Freedom foi entregue nesta quarta-feira (6) à jornalista filipina Maria Ressa, CEO e editora-executiva do site de notícias Rappler.
A Caneta de Ouro da Liberdade, em tradução livre, foi oferecida à profissional durante a cerimônia que marcou os 70 anos do World News Media Congress e os 25 anos do Fórum Mundial de Editores, em Cascais, Portugal. No evento, a Associação Mundial de Jornais (WAN) destacou o trabalho de Maria como “de vital importância para a democracia nas Filipinas”, país em que a imprensa profissional sofre dura pressão por parte do governo de Rodrigo Duterte.
— Você não sabe realmente quem você é até ser forçada a lutar para defender isso. Então, cada batalha que você ganha ou perde, todo compromisso que você escolhe fazer ou se afastar, todas essas lutas definem os valores pelos quais você vive. E, em última análise, quem você é. Nós da Rappler decidimos que, quando olharmos para este momento daqui a uma década, teremos feito tudo o que pudemos: não nos abaixamos, não nos escondemos — disse Maria, diante de 700 donos de veículos de comunicação, CEOs e editores-chefes reunidos na cidade portuguesa.
Desde a eleição de Duterte, em 2016, o site Rappler se tornou alvo de uma campanha deflagrada por apoiadores do governo para desacreditar o grupo de mídia. Maria, pessoalmente, tem sido vítima de ataques de gênero. Em vez de se intimidar, a jornalista tornou-se porta-voz ao denunciar as ofensivas on-line contra a imprensa.
Maria tem alertado sobre os efeitos negativos para a democracia do crescente uso da tecnologia em geral – e redes sociais em particular – para tentar desacreditar o jornalismo profissional.
— Honramos uma jornalista genuinamente corajosa, dedicada pioneira da mídia e que acredita no poder que o ofício do jornalismo pode ter — disse Dave Callaway, presidente do Fórum Mundial de Editores e CEO do americano The Street.
Antes de se tornar uma das fundadoras do site Rappler, Maria trabalhou como jornalista na Ásia por 30 anos, tendo passado por vários veículos de comunicação, como a CNN, onde foi chefe dos escritórios na capital filipina, Manila, e na Indonésia. Como repórter investigativa, trabalhou em reportagens sobre terrorismo no sudeste Asiático.