A morte de um mergulhador de 38 anos, no caminho até o grupo que está preso na caverna tailandesa, dá contornos ainda mais dramáticos para a situação. As autoridades estão sendo pressionadas a iniciar o resgate das 12 crianças e seu treinador, antes que as chuvas, previstas para esta sexta-feira e fim de semana, aumentem de intensidade — o que poderia elevar o nível da água dentro do complexo de cavernas. O que se sabe até agora sobre a situação:
Quem são as crianças e o que faziam lá?
São 12 garotos, com idades entre 11 e 16 anos, integrantes da equipe de futebol Moo Pa (Javalis, em português). Após o treino, em 23de junho, eles e seu treinador, Ekaphol Chantawong, 25 anos, foram até a entrada do complexo de cavernas Tham Luang. Um dos garotos estava comemorando 16 anos naquele dia, e a equipe fez um piquenique no local. Eles conheciam as cavernas e queriam explorar o complexo mais fundo do que em ocasiões anteriores. O dia estava claro. Eles entraram na caverna quando o tempo estava seco, mas chuvas repentinas inundaram rapidamente a saída. A água correu pelas passagens estreitas, entupindo-as com lama e detritos. Bicicletas e kit de futebol foram encontrados depois que uma mãe relatou que seu filho estava desaparecido. O grupo se refugiou em uma parte mais elevada, 400 metros depois do local conhecido como Pattaya Beach.
O que comem?
Desde que os primeiros dois mergulhadores chegaram até o refúgio onde estão os meninos, iniciou-se um fluxo constante de especialistas que levam em média 11 horas para entrar e sair do local (seis horas para ir e seis para voltar). Eles levam comida (inclusive géis de alto teor calórico), água, remédios (paracetamol) e cobertores térmicos. Ninguém no grupo está ferido, mas dois dos garotos e o treinador apresentavam sintomas de esgotamento por desnutrição.
Como é o refúgio onde estão?
O grupo está encolhido em uma pequena área rochosa cercada por água. O ambiente é úmido, temperatura superior a 30ºC. Desde que foram localizados, na segunda-feira, os meninos têm sido acompanhados por militares Seals da marinha tailandesa (mergulhadores de forças especiais), que permanecem com o grupo na tentativa de mantê-los com moral elevado. Oxigênio é bombeado para dentro da câmara onde estão, mas o nível caiu bastante na sexta-feira, chegando a 15%. Especialistas tentam instalar uma linha de comunicação para que familiares possam se comunicar com as crianças. Até o momento, não houve êxito, porque a linha foi danificada pela água. Eles estão a quatro quilômetros da entrada principal e cerca de um quilômetro abaixo da superfície. Quedas de rochas são uma ameaça, mas a principal preocupação das equipes de resgate é o aumento dos níveis de inundação. Os garotos dispõem de tochas, mas ficam bastante tempo no escuro.
É comum as cavernas inundarem?
As cavernas de Tham Luang fica regularmente inundado durante a estação chuvosa (chamada de monções na Ásia) até setembro ou outubro. Há aviso na entrada do complexo para que se evite ingressar nesta época. O grupo sabia do risco.
Como os mergulhadores chegam até o local?
Equipes de resgate estão trabalhando em condições extremamente difíceis — a ponto de um voluntário de 38 anos, ex-Seal Saman Kunan, ter morrido no caminho, na sexta-feira. O calor tem sido sufocante e implacável. São quatro quilômetros, com trechos em que é necessário caminhar ou mergulhar. A maior parte está submersa em lama suja. Em alguns locais mais perigosos, a espessura das rochas só permite passar uma pessoa por vez, debaixo d'água.
Quem localizou o grupo?
A primeira voz que os 12 jovens meninos e seu treinador ouviram foi do mergulhador britânico John Volanthen. Ele e um colega, Richard Stanton, foram chamados pelas autoridades tailandesas, juntamente com outro especialista em espeleologia britânico, Robert Harper, nos primeiros dias do drama. O trio chegou à Tailândia três dias após o desaparecimento. Eles integram o British Cave Rescue Council (BCRC) _ o órgão de resgate em cavernas do sul e do centro do País de Gales.
Veja abaixo o momento em que os meninos foram encontrados
Quais são as opções para retirada?
1 — Bombear a água
Uma operação de bombeamento contínua está em vigor. Até 128 milhões de litros de água foram retirados até quinta-feira, reduzindo as inundações em um centímetro por hora. Assim, as crianças poderiam sair caminhando ou flutuando, sem necessidade de mergulho.
Mas a caverna segue sendo alimentada por água proveniente de buracos e córregos nas colinas acima. O tempo seco ajudou nos últimos dias, mas deve voltar a chover forte neste fim de semana.
As autoridades tentaram fazer furos nas paredes das cavernas para ajudar na drenagem.
2 — Encontrar buracos na montanha
Uma equipe explora a floresta na montanha cima da caverna para ver se podem encontrar algum tipo de "chaminé" que possa levar até o local exato onde estão os meninoss. Eles contam com a ajuda de observadores de pássaros, especialistas em encontrar buracos escondidos.
3 — Perfurar a rocha
Também é estudada perfuração da rocha e retirá-los por meio de um túnel semelhante ao que foi feito durante o resgate dos mineiros no Chile, em 2010.
Para começar o processo, novas estradas precisariam ser construídas acima das cavernas para acomodar o pesado equipamento de perfuração necessário para romper a rocha.
Há risco de desabamento.
4 — Esperar
O grupo pode ter que esperar até quatro meses para que as inundações diminuam antes que eles possam sair.
5 — Mergulho
É a opção mais arriscada porque teme-se que as crianças entrem em pânico nos canais estreitos e escuros. Mesmo assim, o grupo já está recebendo aula de mergulho.
A jornada até saída da caverna deve durar de cinco a seis horas.
Eles usariam máscaras full-face, que cobrem todo o rosto. Cabos guia, nos quais as crianças sairiam agarradas, já foram instalados. Cilindros de ar devem ser posicionados ao longo do caminho para substituição. Bastões iluminariam o caminho.
Pelo menos dois mergulhadores cuidariam de cada menino na travessia para que não entrem em pânico.
Os garotos também devem ser amarrados a um dos profissionais para que não se percam caso se soltem do cabo guia.