Adolf Hitler morreu. Em tempos de pós-verdade, dá um certo receio utilizar um verbo assim, tão definitivo. Mas o fato é que, se ainda havia alguma dúvida, uma pesquisa pôs fim às famosas teorias conspiratórias. A mais famosa era aquela que dizia que o Führer não morreu no bunker em Berlim, em 30 de abril de 1945, mas teria fugido a bordo de um submarino e buscado abrigo na Argentina.
Aos mais céticos, lamento: Hitler não viveu esses anos todos tomando vinho Malbec aqui do lado, com nossos vizinhos. Os pesquisadores franceses tiveram acesso inédito aos restos mortais do líder nazista, guardados pelo FSB (serviço de inteligência russo, herdeiro da KGB). Publicado pelo European Journal of Internal Medicine, um dos periódicos científicos mais importantes de medicina do mundo, o resultado da análise concluiu que Hitler morreu (mesmo) em Berlim, após beber cianureto e disparar um tiro contra si.
O exame na arcada dentária não encontrou rastros de pólvora, o que indica que o revólver não entrou na boca e que, mais provavelmente, foi apontado para o pescoço ou para a testa.
Entre os pesquisadores está Philippe Charlier, especialista em Medicina e Antropologia legais da Universidade Paris-Descartes, que participou da análise do coração mumificado de Ricardo Coração de Leão. Se a realidade insiste em ser menos interessante do que a ficção, pelo menos uma constatação curiosa: o exame mostrou que Hitler tinha dentes muito ruins. Higiene bucal não estava entre seus hábitos.