Com resultado previsto para o próximo dia 26, a licitação que vai definir o novo gestor da rodoviária de Porto Alegre tem torcida contra. E o mais surpreendente: dentro da prefeitura.
– Se der deserta (ou seja, sem interessados em assumir o local), vai ser melhor – avalia o secretário municipal de Planejamento e Assuntos Estratégicos, Cezar Schirmer.
O edital de licitação, lançado em maio pelo governo do Estado, prevê a rodoviária no mesmo lugar onde ela já está. Só que a prefeitura da Capital queria diferente: preferia que uma nova rodoviária fosse construída em outro ponto da cidade, fora da região central – a atual estação, neste caso, seria desativada. Schirmer acredita que essa possibilidade, de repensar o melhor local, poderá ser novamente discutida se a licitação fracassar.
– Condenar Porto Alegre a continuar com a rodoviária ali, definitivamente, não é uma boa alternativa – diz o secretário.
No lugar da rodoviária atual, o governo Sebastião Melo sonha em instalar um conjunto de terminais para linhas de Porto Alegre e da Região Metropolitana. O espaço receberia centenas de ônibus que hoje se concentram no Centro Histórico – essa transferência seria fundamental para o projeto de revitalização da região central.
Já a nova rodoviária, nos planos da prefeitura, seria construída perto da nova ponte do Guaíba, deixando a estação mais próxima desse novo acesso à cidade, do Aeroporto Salgado Filho e do trensurb. Mas o secretário estadual de Parcerias, Leonardo Busatto, responsável pela licitação no governo do Estado, lembra que desde 2017 esse assunto é discutido.
– Nunca a prefeitura conseguiu apresentar um projeto que viabilizasse a Rodoviária em outro lugar – diz Busatto.
Uma das dificuldades, segundo ele, é a viabilidade econômica: no local onde está, a rodoviária terá um investimento de R$ 70 milhões em reformas, além de R$ 10 milhões em obras para melhorar o trânsito do entorno. Busatto pergunta quanto esse mesmo investidor gastaria se precisasse, na região do aeroporto, comprar um terreno (já que o município não tem), erguer um prédio novo e ainda estruturar todo o trânsito da região.
– Órgãos como o Tribunal de Contas e a Agergs (Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul) já se manifestaram sobre essa inviabilidade. E nós entendemos que o projeto atual é bom e, principalmente, é concreto: precisamos avançar logo, porque a atual concessionária (da rodoviária) está sem contrato, sem documento, sem nada – afirma o secretário estadual.
Cezar Schirmer, secretário municipal, diz que os estudos de viabilidade jamais foram feitos pelo atual governo. Justamente por isso, no início da gestão Melo, foi solicitado ao governo do Estado que suspendessem a licitação por alguns meses para a prefeitura tocar o projeto. Como não foi atendida, resta agora torcer contra.