Uma semana depois de assumir a administração do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (o Harmonia) e o primeiro trecho revitalizado da orla do Guaíba, a concessionária responsável pelas duas áreas tem irritado frequentadores.
Uma rua pública, que costumava ser usada como estacionamento gratuito, na prática foi privatizada: os novos gestores instalaram um pórtico e uma guarita na entrada da via. E só entra para estacionar quem paga R$ 20, independentemente do tempo que o carro permanecer no local.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo, aquela ruela de chão batido, que é uma bifurcação da Avenida Edvaldo Pereira Paiva, faz parte do Parque da Harmonia – ou seja, está inserida na área concedida à iniciativa privada. Em nota enviada à coluna, a secretaria ainda informou que, no edital de licitação, já estava previsto que a concessionária poderia explorar o trecho como estacionamento.
O consórcio GAM3 Parks, que administra a área desde o último dia 2, também enviou nota à coluna. O principal argumento para a cobrança é que, a partir de agora, qualquer furto ou dano material que um veículo sofrer no local será de responsabilidade do novo gestor. E ele terá, portanto, que ressarcir eventuais estragos.
"Além disso, a concessionária disponibiliza seguranças privados para controle de entrada e saída de veículos, cuidado com os carros e pessoas que circulam; instalação de câmeras de segurança e, também, a contratação de seguro contra furto e roubo", diz o texto do GAM3 Parks. Ou seja, quem deixa o carro ali tem garantias legais – algo que nenhum flanelinha daria.
Tudo isso é verdade, mas o fato é que a medida soou antipática. Pela primeira vez na história de Porto Alegre um parque público é concedido à iniciativa privada e, antes de qualquer intervenção para qualificar o espaço, a primeira providência é cobrar por um estacionamento que as pessoas se habituaram a usar gratuitamente – e sem comunicar ninguém sobre isso. Pegou mal.
E não estamos falando de R$ 5 ou R$ 7, mas de R$ 20 – mais caro do que estacionar em shopping – para deixar o carro em uma rua esburacada e sem cobertura. Tenho defendido a concessão do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho porque estou convencido dos benefícios do projeto, mas, infelizmente, a relação com a cidade começou mal.
Com Letícia Costa