Paulo Germano

Paulo Germano

Jornalista formado pela PUCRS, está em ZH desde 2006, mas foi em 2015 que se tornou colunista do jornal. Antes, atuou nas áreas de política, geral, cultura e esportes. É comentarista da RBS TV. Já venceu o Prêmio Petrobras de Jornalismo e foi finalista do Prêmio Esso. PG, como é chamado, escreve sobre vida real.

Lições do abre e fecha

Eduardo Leite na pandemia: errou, acertou e precisa cuidar para não errar de novo

Depois de 13 meses, já é possível - e saudável - debater decisões que agora podem ser analisadas com algum distanciamento

Paulo Germano

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Felipe Dalla Valle / Palácio Piratini/Divulgação
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite

Eduardo Leite acertou na previsão: um mês atrás, ao decidir afrouxar as restrições no momento mais crítico da pandemia – quando o Estado registrava 500 mortes em um único dia –, o governador dizia que os índices, a partir dali, começariam a cair. E caíram mesmo, sensivelmente, embora a situação ainda seja delicada.

Mesmo assim, infectologistas e epidemiologistas mantêm as críticas contra Leite. Dizem que as flexibilizações representam uma grave ameaça e que, por causa delas, tudo pode piorar daqui a pouco. Na avaliação desses especialistas, portanto, comércio e restaurantes ainda deveriam estar fechados – o que até poderia ser o mais correto, mas não parece ser o mais viável. Não aqui.

Passados 13 meses de pandemia, sem um consistente auxílio econômico à população, vai ficando cada vez mais claro que estender as restrições pelo maior tempo possível é uma ilusão. Não vai acontecer. O que não significa que se deva manter tudo sempre aberto, inclusive quando o mundo estiver desabando, como defende o prefeito Sebastião Melo. Pelo contrário.

As medidas que se mostraram acertadas até agora foram as que se basearam nas tendências. Ou seja, se os números indicam que a tendência para as próximas semanas é de queda nas mortes e internações, então tudo bem, que se afrouxem as restrições. Eduardo Leite fez isso. Mas, se os números apontam uma clara tendência de agravamento da pandemia, aí é fundamental restringir a circulação de pessoas. E isso precisa ser feito logo, antes que se perca o controle.

O Rio Grande do Sul perdeu o controle no fim de fevereiro, quando o sistema de saúde entrou em colapso. Eduardo Leite, naquela ocasião, errou – e errou feio. Todos os dados mostravam que a situação piorava a cada dia: havia uma tendência indiscutível de disparada nas internações, mas o governador demorou demais para fechar as atividades. Não era fácil, claro – sem o apoio dos prefeitos e da sociedade, Leite temia suspender a cogestão e ninguém respeitar as novas regras. Mas era a única medida plausível.

Não há como vomitar certezas em um momento como este. O que é possível – e saudável – é debater em cima de fatos concretos que, após todo esse tempo de pandemia, já podem ser analisados com algum distanciamento. Como de costume, minha impressão é de que os radicais estão errados: fechar tudo por muito tempo pode ser tão irresponsável quanto manter tudo sempre aberto.

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