Moradores de uma vila que nunca teve chuveiro nem privada – mas agora finalmente tem dois banheiros –, se reuniram com voluntários para pintar os novos sanitários. Foi uma maneira simbólica de levar mais vida à comunidade.
As 48 famílias da Vila Casarão, na Grande Cruzeiro, em Porto Alegre, agora têm onde tomar banho graças ao projeto social Fome de Quê?, que arrecadou R$ 15 mil em uma vaquinha. No sábado passado, membros do grupo bateram de casa em casa, chamando as pessoas para participar da pintura liderada pelo pintor de parede Claudio Roberto da Costa.
– Fizemos até um painel com as mãozinhas das crianças – conta Daiane Kaminski, fundadora do Fome de Quê?.
Os banheiros também receberam doações de papel higiênico, sabonete, esponja e água sanitária. E os moradores ganharam escova e pasta de dente, xampu e álcool gel. Conforme Daiane, quem está mais feliz são as mães de crianças pequenas, que enfim conseguem dar banho nos filhos todo dia:
– Também dá para ver que estão todos comprometidos com a limpeza, em deixar o lugar seco e limpinho para o próximo entrar.
Quando os banheiros foram construídos, a presidente da ONG Casarão, Denise Miceli Silva, que presta auxílio a mulheres da vila, havia comentado seguinte:
– O banho pode ser uma coisa básica para a maioria das pessoas, mas, nessa comunidade, não existe esse costume. Alguns se banham de canequinha, outros vão se lavar no Guaíba, mas muitos nem conheciam um chuveiro. Vai ser um processo de adaptação para eles.
Procurada pela coluna no mês passado, a prefeitura afirmou, por meio do Dmae, que "não pode instalar redes públicas de água e esgoto" na Vila Casarão. Porque, segundo o órgão, "se trata de uma invasão em área particular". O Executivo não informou quem são os proprietários, mas garantiu que os serviços de assistência social estão à disposição dos moradores.