A esposa, Sarah, foi quem teve a ideia: passou semanas na cozinha aprimorando receitas da internet. Um dia, conseguiu fazer a bala de coco ideal – artesanal, vegana, sem glúten e sem lactose. Carlos, desempregado, saiu a vender a balinha na sinaleira, percebeu que ela agradava e, na semana seguinte, resolveu seguir o conselho do filho.
– O guri sugeriu que eu desse a bala para o pessoal provar. Pensei que não ia funcionar, mas, de um dia para o outro, quase dobrei as vendas – recorda ele, que em cinco anos viu a família mudar de vida.
À frente da Filadélfia Balas Artesanais, Carlos Amaro, 39 anos, e Sarah Tarragô, 38, trocaram a casa onde viviam no bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre, por outra bem maior no Alto Petrópolis, com suíte e energia solar. Compraram cozinha industrial, moto para telentrega e carro novo. Também quitaram R$ 50 mil em dívidas – herança de um tempo difícil, quando Carlos tentou empreender pela primeira vez, mas o restaurante faliu.
A coisa engrenou, mesmo, nas sinaleiras da Capital: da manhã até o fim da tarde, Carlos segue até hoje no cruzamento da Protásio Alves com a Ivo Corseuil, oferecendo a balinha com o slogan que ele mesmo criou: "Desmancha na boca". Dois parceiros se revezam em outros semáforos. E a venda em maior quantidade – para minimercados, cafeterias, padarias e até salão de beleza – ajudou a Filadélfia a alcançar 3,5 toneladas comercializadas em 2019.
– Comecei com medo. De não dar certo, do que os outros iam pensar, mas a Sarah sempre me motivou. Hoje vejo tudo o que conquistamos e só posso agradecer – avalia ele, que em 2015, quando o negócio teve início, recém havia sido demitido de uma loja de colchões.
Carlos acredita que o cliente, em primeiro lugar, mais do que um bom produto, precisa encontrar alguém feliz. Alguém que lhe dê bom-dia em uma segunda-feira nublada, que interrompa o silêncio com um sorriso. Todo esse carisma chamou a atenção de um grupo de advogados de Porto Alegre: Carlos e Sarah receberam, no ano passado, o Prêmio MFO Empreendedor.
– Contei para a plateia como a gente partiu do zero para chegar até aqui. O principal é acreditar em si mesmo – ensina Carlos.
Com Rossana Ruschel
