Hospedados em Porto Alegre para cobrir a Copa América, os enviados especiais da rádio Cadena 3, a mais ouvida de Córdoba, na Argentina, publicaram no site da emissora suas impressões sobre a capital gaúcha. Impossível não morrer de vergonha.
Em um passeio registrado em vídeo, os repórteres apontam todo tipo de degradação: calçadas quebradas, sujeira, grama alta, água parada, pichações, buraqueira, vazamentos, vandalismo. Para quem é daqui, a sensação, ao assistir à reportagem, é de que nosso olhar se acostumou ao inaceitável – especialmente quando os jornalistas visitam a Redenção.
É humilhante: talvez até fosse admissível em uma região mais afastada, onde o movimento é menor e a cidade palpita menos, mas, no parque mais importante do Estado, não tem cabimento. A situação da Redenção é desonrosa. As fontes desativadas, o Café do Lago desmoronando, o calçamento em ruínas, os gramados sem capina, as lixeiras destruídas.
Não poderiam ter dado um tapinha pelo menos para receber a Copa América? Aliás, o que a cidade fez para recepcionar milhares de turistas que vieram – e ainda virão – gastar dinheiro aqui? Não há um único meio-fio pintado com as cores das seleções. Não há sinalização turística. Não há placa de boas-vindas. Não há um caminho do gol no entorno da Arena.
Tudo bem, é verdade que Porto Alegre – e a nação inteira – não anda muito engajada na Seleção, mas como é possível vendermos a cidade dessa forma em um evento continental? A nova orla do Guaíba, nosso xodó, é o ponto fora da curva: um oásis de animação e capricho em meio ao desleixo. Pena que os repórteres argentinos não passaram por lá.
Teriam gostado, claro, mas talvez a chapuletada tenha sido mais importante: vai que funcione como empurrãozinho.