Se o projeto original fosse seguido à risca, os 16 banheiros construídos – oito masculinos e oito femininos – na nova orla do Guaíba seriam públicos. Mas apenas seis estão abertos à população: a prefeitura entregou grande parte dos sanitários aos donos de bares que venceram as licitações para atuar no local.
Esses comerciantes podem escolher se limitam o acesso aos seus clientes ou se abrem o banheiro para todos. No único bar inaugurado até agora, só quem está dentro do estabelecimento consegue entrar no sanitário. A porta do banheiro que dá para a orla, ou seja, que permitiria o acesso a todos, tem um cadeado. E estão cadeados também todos os sanitários ao lado dos bares que ainda não abriram.
Embora nos fins de semana a prefeitura reforce o trecho revitalizado com 10 banheiros químicos, a oferta ainda é bem menor do que previa o projeto original. Porque, nos 16 sanitários construídos com a obra, até cinco pessoas podem usar vasos e mictórios ao mesmo tempo. Não surpreende, portanto, que aos sábados e domingos as filas para urinar sejam imensas.
– É um caos. Eu acabo desistindo, não tem condições – diz o empresário Ayrton Luiz da Silva, frequentador diário da região.
Duas semanas atrás, o dono de um pub atrás da Praça Júlio Mesquita, aquela do aeromóvel, foi novamente agredido por negar o uso de seu banheiro privado para multidões que frequentam a orla. Waldo Dias levou chutes na barriga de um jovem descontrolado – nos últimos meses, ele já havia sido empurrado e viu um homem jogar dinheiro na sua cara:
– No início eu liberava, mas foi ficando inviável, os clientes foram se incomodando. Eu teria que ceder o sanitário para umas 300 pessoas por dia.
O supervisor de Parques e Praças da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Alex Souza, diz que a manutenção dos banheiros construídos seria muito cara. Por isso, ainda no governo Fortunati, segundo ele, decidiu-se transferir a administração de alguns à inciativa privada.
– Eles têm louças diferenciadas, revestimentos, um acabamento mais caro. E sabemos que banheiros públicos são complicados, servem até para drogadição e prostituição – justifica Alex, acrescentando que, no fim de fevereiro, com todos os bares abertos, a expectativa é de que a demanda seja atendida: – O fluxo de pessoas procurando banheiros públicos deve diminuir consideravelmente. Os bares vão atrair muita gente, e esse pessoal vai usar os banheiros internos.
Nos finais de semana, até 50 mil pessoas chegam a visitar a nova orla do Guaíba. Grande parte gosta de ficar na rua.