O porteiro deu um berro:
– Cuidado! As abelhas tomaram conta!
Com a mão já no trinco, prestes a abrir a porta do prédio onde mora, na Rua Duque de Caxias, na terça-feira (13), o jornalista Samir Oliveira, 30 anos, olhou para cima.
– Eu estava quase dentro do enxame – relembra ele.
Samir fez a volta, entrou por uma porta lateral e fotografou o amontoado de abelhas do outro lado do vidro. Em seguida, postou a imagem no grupo Vizinhos do Centro Histórico, no Facebook – o que motivou uma enxurrada de relatos semelhantes. Entre eles, o caso de um ar-condicionado tomado por enxame no 20º andar.
Diretor da Associação Gaúcha de Apicultores e ex-presidente da Confederação Brasileira de Apicultura, José Cunha diz que o aumento das temperaturas faz as flores desabrocharem. Com isso, há uma farta quantidade de néctar pela cidade, provocando uma explosão populacional das abelhas. Para se ter uma ideia, uma abelha-rainha que bota, no inverno, 200 ovos por dia, nesta época bota entre 2 mil e 3 mil.
– Elas acabam migrando para o Centro porque é uma região próxima às ilhas do Guaíba. É nas ilhas que elas se proliferam, por causa da grande quantidade de mata ciliar – explica Cunha. – Só que as abelhas se desorientam com a barulheira do ambiente urbano e, por isso, decidem pousar em vez de seguir o curso natural.
Em resumo, estações mais quentes trazem mais abelhas. E, como as colmeias costumam ter ciclos de dois meses, moradores da região central ainda devem conviver com enxames de tempos em tempos. O negócio é cuidar os buracos, por menores que sejam:
– Bueiros, telhados, postes de luz (onde há cavidades para os cabos passarem), tudo isso elas adoram – alerta Cunha.