Eu, você e todos os sapiens que andam por aí ou já passaram pelo planeta temos 300 mil anos de existência. Parece muito, mas é um nada se compararmos com as demais formas de vida desde aquela célebre ameba da sopa primordial — que, segundo os cientistas, surgiu há 400 bilhões de anos. Esses números assombrosos ficam mais compreensíveis no calendário comparativo publicado pelo holandês Rutger Bregman, em seu livro Humanidade — Uma História Otimista do Homem.
Se toda a história da vida na Terra tivesse se passado em um ano — sugere ele —, os humanos teriam nascido no dia 31 de dezembro, mais ou menos às 23 horas. Depois de quase uma hora como caçadores-coletores, mais ou menos às 23h58min os homens modernos descobriram a agricultura e passaram a construir a civilização como atualmente a conhecemos — com eletricidade, bombas atômicas, viagens espaciais e redes sociais.
No contexto dos séculos, portanto, somos apenas bebês. Temos muito que aprender.
Inclusive, na visão desse inquieto holandês que não para de fazer sucesso com seus livros inovadores, a superar o abismo das desigualdades sociais. Ele sugere um Bolsa Família global. Isso mesmo, o historiador europeu assegura que um programa de renda básica universal poderia erradicar a pobreza no mundo — e garante que isso não tem nada a ver com comunismo, socialismo e outros ismos já experimentados sem sucesso. Na contramão de cientistas, economistas, sociólogos e antropólogos mais pessimistas, ele acha que o ser humano é confiável.
— A pobreza não é falta de caráter, é falta de dinheiro. É muito comum os ricos desconfiarem dos pobres, os acharem preguiçosos, que só querem dinheiro para ter mais filhos e tal, mas isso não passa de preconceito.
As ideias de Bregman não chegam a ser originais, pois até capitalistas mais intransigentes concordam que os recursos investidos em armamentos, por exemplo, seriam suficientes para eliminar a pobreza e a fome no mundo. Difícil é prever quando atingiremos esse estágio de compreensão e amadurecimento. Afinal, estamos apenas na primeira infância da história da vida.
Mas não custa ser otimista como o jovem escritor: quem sabe no ano que vem?