Estou encantado com a Biblioteca Nacional Digital, mais propriamente com a sua hemeroteca. Para quem não está habituado com essa palavrinha feia, ela denomina o setor de uma biblioteca onde ficam as coleções de jornais, revistas e periódicos. É uma espécie de paraíso para historiadores e pesquisadores de vidas passadas, pois a história das pessoas sempre será a matéria-prima das publicações informativas.
Quando descobri o site dos jornais antigos e o processo de consulta, senti uma dor infinita pelos bravos pesquisadores da era analógica, que dedicaram um tempão de suas existências a folhear jornais e revistas na busca do ouro de suas pesquisas. Pois agora basta um ou dois cliques para a notícia desejada, publicada num jornal do Império ou do século passado, aparecer magicamente na tela do computador.
A Hemeroteca Digital Brasileira está disponível gratuitamente para pesquisadores de qualquer parte do mundo e conta com um sistema de consultas semelhante ao do Google. Graças à tecnologia de reconhecimento ótico de caracteres, basta digitar a palavra ou a expressão procurada para que apareça na tela uma página do Correio Braziliense ou da Gazeta do Rio de Janeiro — os primeiros jornais brasileiros — ou de publicações antigas e recentes como O Espelho, O Abolicionista ou o Jornal do Brasil — só para ficarmos em alguns exemplos — com a notícia procurada.
Uma das atrações, para mim, foi investigar referências a integrantes de minha árvore genealógica, pois os jornais antigos eram mesmo o espelho do cotidiano de suas comunidades. Ninguém precisava ser celebridade para ter seu nome ou algum fato de sua vida publicados pela imprensa — mais ou menos o que ocorre agora com as redes sociais. Registros de casamentos, alistamentos eleitorais, doações para campanhas sociais, aprovações em concursos públicos, tudo era informado pelos impressos que agora estão digitalizados e ao alcance de quem quiser consultá-los.
Só para dar um exemplo familiar, encontrei o registro da chegada no Rio Grande do Sul do bisavô de minha mulher, como imigrante procedente da Itália. Para quem quiser se aventurar por páginas amareladas sem sujar os dedos, aí vai o endereço: memoria.bn.br.