Foi do saudoso professor Ernesto Corrêa a melhor lição de jornalismo que recebi no tempo em que me preparava para este ofício que já exerço há mais de quatro décadas.
— Lembre-se de que você está escrevendo para ele (o leitor) — advertiu o mestre.
Como repórter, redator e editor, procurei seguir rigorosamente o ensinamento. Como cronista, também, mas com um pouco mais de flexibilidade para devaneios e para registros pessoais — ainda que sempre com a preocupação de conquistar a atenção e o interesse de quem se dá ao trabalho de ler o que escrevo.
— Escrever é fácil — brincou o poeta Pablo Neruda. — Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio, coloca ideias.
Nem sempre é fácil, nem sempre as ideias ficam claras entre a maiúscula e o ponto final. Mas é muito gratificante quando se consegue surpreender e emocionar o leitor. E, mais ainda, quando ele devolve esta emoção. Foi o que me ocorreu na semana passada, quando desafiei leitores e leitoras a complementar uma historinha sobre o hipotético encontro entre Deus e Darwin.
Ao me encaminhar a inspirada sugestão de seu pai, Mathias Haraldo Müller, a leitora Daniela Helena Müller fez questão de lembrar textos pretéritos que escrevi sobre "a menina dos meus olhos", personagem real de minha vida afetiva, e também mencionou as deliciosas crônicas de minha colega e amiga Eunice Jacques, que já não está entre nós.
A mensagem terna de Daniela me custou duas lágrimas de saudade, mas também me premiou com doces lembranças e com a certeza de que o ensinamento do velho mestre foi bem assimilado.