Salvaram-se todos de chuteira ao fim e ao cabo de dezembro de 2024, não há melhor notícia no campo desportivo do que esta. Nem começo pelo Grêmio, que garantiu presença na Série A na antepenúltima rodada do campeonato.
Para seu tamanho e pretensões, foi um desempenho abaixo da linha da pobreza. Teve resultados melhores do que a performance e a última impressão será deixada neste domingo (8), contra o Corinthians, na Arena. A penúltima foi ruim: mais um empate assegurado pela atuação do goleiro, outra vez sem criação, compactação, solidez ou velocidade.
O Vitória quase ganhou, como o Fluminense no Maracanã. Antes, o Palmeiras quase goleou em São Paulo. Escapar arranhando sem sinal qualquer de que está nascendo um time confiável deveria ser ponto de partida na avaliação da direção gremista para o ano que vem. Porém, é bem possível que os dirigentes prefiram continuar à sombra e Renato Portaluppi renove seu contrato com plenos poderes.
Pudesse Renato reencontrar em si mesmo a alegria, a concentração e a criatividade dos seus melhores dias em Porto Alegre, não haveria melhor treinador para o Grêmio em 2025. Só não vejo nada apontando nesta direção.
Mas, disse o colunista, não começaria pelo Grêmio e sim pelo Juventude, que me proporcionou uma errata cheia de alegria. Quando o time de Fábio Mathias cedeu o empate ao Grêmio com gol contra nos acréscimos e antes perdera um pênalti que lhe daria dois gols de vantagem no placar, me precipitei e entendi como a sinalização da queda. Banquei que o Juventude estava decretando sua volta à Série B naquela noite e, felizmente, errei com todos os erres.
O novo treinador remobilizou seu elenco de um jeito espetacular e buscou duas vitórias seguidas fora de casa para seguir na Série A. Se existe chance de errar uma projeção e ficar satisfeito pelo erro, eis-me aqui como exemplo. Gosto do trabalho desta direção do Juventude, o presidente Fábio Pizzamiglio é obstinado por melhorar a estrutura do clube e do estádio.
Permanecer na primeira divisão é prêmio justo, merecido, facilita novos avanços e reforça a força da marca Juventude. Se o Gauchão do ano que vem nasce com os dois gigantes em disputa particular para quebrar ou manter um status de título inédito — o octa que só o Inter tem e o Grêmio pode conquistar em 2025 —, o Juventude tem todo direito de lançar uma candidatura legítima e respeitável.
O Inter está em Fortaleza para a última rodada do Brasileirão e viu, uma semana atrás, seu devaneio de título sucumbir à realidade ao perder para o Flamengo no Maracanã. Três dias depois, a derrota para o Botafogo consumou o fato de que este time do Roger Machado só está perdendo para quem é melhor do que o seu.
Antes, a torcida colorada se divertia com certa melancolia ao dizer que não se preocupava ao enfrentar o Barcelona e sim o Globo do Rio Grande do Norte. Agora, o Inter ganha dos times que lhe são inferiores e se candidata a ganhar de quem é melhor do que ele.
Caso não tenha perdas essenciais para a ideia de jogo do treinador, o time é candidato a todos os títulos que disputará na próxima temporada. Não favorito: candidato.
Algumas candidaturas mais fortes do que outras. Mais candidato às Copas, menos aos pontos corridos. Se o mercado levar algumas das principais peças do time, como Vitão e Bernabei, a direção terá que ser criativa e cirúrgica nas reposições.
Mesmo se não vencer o Fortaleza no Castelão, a vaga direta à Libertadores conquistada com antecedência é forte o suficiente para colorados e coloradas entenderem 2024 como o melhor ano possível dentro do contexto.
O Botafogo
Se John Textor puder bancar seus principais jogadores e o treinador até o Mundial de 2025, reforçará a marca internacional do clube e poderá alçar novos e maiores voos universais. Caso faça as contas só para lucrar no negócio com fulminante rapidez, vende Almada, Igor Jesus e Luis Henrique de volta para a Europa e comemora a entrada de mais de uma centena de milhões de dólares.
O clube carioca alcançará, neste domingo, o feito do Flamengo de 2019: a conquista simultânea de Libertadores e Brasileirão.
O Nilton Santos estará pintado em preto e branco como nunca antes, e o empate contra o São Paulo de férias basta.
Três dias depois, o Botafogo enfrenta o mexicano Pachuca pelo Mundial deste ano. Uma sequência alucinante de jogos decisivos a encher de adrenalina os profissionais e a torcida, que chama Textor de Papai.
O empresário norte-americano estava acostumado desde sempre a lidar com pragmatismo, notas verdes reluzentes e balancetes mais gelados do que o Alasca. No Rio de Janeiro, conheceu a emoção tal como jamais a havia percebido.
Atrapalhou-se, foi boquirroto ao denunciar sem provas supostos jogos vendidos do Brasileirão de 2023. Deveria ser punido com rigor pela leviandade, não foi.
Neste momento, desfruta do sucesso nascido de sua competência em formatar um elenco qualificado num clube renascido em termos de gestão. Textor nunca viveu nada remotamente parecido com o que vive hoje sob os braços do Cristo Redentor.
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