Com a faixa de bicampeão gaúcho atravessada no peito, o Grêmio tem o enorme desafio de vencer o Libertad no Paraguai como se fosse a coisa mais natural da América Latina. Mas não é. Mesmo com outra taça guardada no armário, o time do Renato não jogou futebol suficiente nas duas finais para que o torcedor se sinta confiante para o jogo de terça-feira (23). Foram dois empates sem gols, uma dificuldade recente para quem foi a 35 marcados durante o Gauchão.
Tirando o confronto contra o Rosario Central, o Grêmio vem tendo dificuldades enormes para chegar à área do adversário, criar e converter as chances. E olha que na frente está o melhor atacante do futebol brasileiro. Everton deverá ser convocado para a Copa América e, pelo seu protagonismo, chega a puxar para a esquerda quase todos os ataques gremistas. André, autor do gol do título na série de pênaltis, melhorou de produção comparado a si mesmo, o que ainda não faz dele o goleador que o Grêmio tanto precisa.
Há notícias boas recentes para quem vai enfrentar o líder da chave em Assunção. A defesa se arrumou com Maicon e Pedro Henrique de volantes. Não são especialmente bons marcadores, mas cortam caminho, se posicionam, o time compactou com a presença deles. Geromel se recuperou de vez da lesão, Kannemann mantém a levada do ano passado. Cortez sempre foi firme defensivamente, Leonardo Gomes também sabe marcar.
O problema do Grêmio que ainda resta solucionar está na frente. Luan entrou no Gre-Nal, não foi decisivo, vinha de trabalhos em separado. Vai estar à disposição de Renato, não creio que Jean Pyerre seja sacado, não seria justo. Alisson está no corredor direito, não parece ter ganho de vez aquela posição. Diego Tardelli segue candidato. Na verdade, Luan e Tardelli poderiam ser a cavalaria entrando no setor ofensivo para fazer parceria com Everton. Olha só a qualidade envolvida num trio final de Tardelli, Luan e Everton, abastecidos por Jean Pyerre e apoiados por Maicon e Matheus Henrique.
Só a vitória mantém o Grêmio independente para se classificar às oitavas. Menos do que isso, a terça-feira poderá trazer imediatamente a frustração de uma eliminação precoce. Nada que abalasse, combinemos, o prestígio ou o emprego de Renato Portaluppi. Mas seria uma decepção do tamanho da Libertadores sair tão cedo. Acredito na classificação do Grêmio porque já houve outros momentos em que o time foi desafiado na extrema dificuldade e reagiu. Desta vez, é mais grave, o que não torna a missão impossível.