No depoimento à Polícia Federal (PF) previsto para a tarde desta terça-feira (16), o ex-presidente Jair Bolsonaro deve preservar seu ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, evitando acusações sobre as fraudes em cartões de vacina. Por outro lado, reforçará que desconhece a falsificação de documentos e que não os utilizou ao ingressar nos Estados Unidos. A estratégia foi debatida por advogados do ex-presidente nos últimos dias e alinhada com ele na segunda-feira, durante um treinamento.
Na prática, a defesa de Bolsonaro espera que ele não revele nada que os policiais já não saibam. É de conhecimento, por exemplo, que o tenente-coronel tinha acesso ao celular do ex-presidente e possuía autonomia para lidar com burocracias de vida privada dele. A orientação dos advogados, contudo, é de que Bolsonaro não vá além e evite atacar o assessor.
Guardião de informações privilegiadas sobre o que ocorreu no governo nos últimos quatro anos, Cid está na mira de outros inquéritos que podem comprometer o chefe. Ele deve depor à PF na quinta-feira (18).
O alinhamento sobre a postura de Bolsonaro foi possível porque, contrariando a vontade da PF, os advogados conseguiram adiar o depoimento. A intenção dos investigadores era ouvi-lo no dia 3 de maio, quando cumpriu mandados de busca e apreensão na casa dele. Até o momento, porém, a defesa não tinha acesso à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação.
Em entrevista imediatamente após a saída dos agentes de sua residência, Bolsonaro reiterou que ele e sua filha, de 12 anos, não se vacinaram, além de negar conhecimento sobre falsificação de cartões de vacina. A PF afirma que o ex-presidente sabia do esquema.