O ministro Paulo Pimenta (PT) está convicto de que seguirá como titular do time de Lula no próximo ano, apesar de, nos bastidores, sua demissão da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) já ser considerada certa.
Único gaúcho no primeiro escalão, ele evita especular sobre o futuro cargo com a justificativa de que a decisão cabe apenas ao presidente e será tomada sozinha por ele.
Colorado fanático, Pimenta brinca que sua situação se parece com a do meia Alan Patrick, titular absoluto que espera apenas receber a camisa do técnico Roger para entrar em campo
— Estamos na pré-temporada, o treinador está treinando, ajeitando o time. Daqui uns dias ele distribui as camisetas — disse, entre risos.
Neste dia 31 de dezembro, o gaúcho está na equipe de plantão do governo, despachando no Palácio do Planalto.
Enquanto conversava por telefone com a coluna, ele se despediu de um colaborador e avisou que o espera de volta na quinta-feira (2) pela manhã. A ordem é trabalhar normalmente, até que Lula tome sua decisão e o chame para decidir o destino.
As possibilidades aventadas até agora indicam a transferência de Pimenta para a Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada pelo companheiro de partido Márcio Macêdo, ou para a liderança do governo na Câmara, exercida pelo deputado José Guimarães (PT-CE). Em qualquer cenário, o gaúcho acredita que seu futuro político não estará comprometido.
— Eu sou da opinião de que a pessoa faz o cargo. Não sei se vou ficar na Secom, em outro ministério, na liderança do governo. Independente da função, eu vou construir. Já teve ministro da Secom que não tinha nenhuma visibilidade pública. Se for um técnico que vier para o meu lugar, não vai ter a mesma visibilidade — projetou.
Com razão, o ministro diz ter uma relação próxima com o presidente, de lealdade e parceria. Lula já deixou claro a auxiliares diversas vezes que tem Pimenta em alta conta, especialmente pela postura do deputado gaúcho nos momentos de crise, quando o petista estava preso em Curitiba. O estilo combativo de Pimenta também agrada o presidente.
Nos últimos meses, no entanto, Lula não escondeu seu descontentamento com os resultados da comunicação. Para ele, o governo não tem conseguido mostrar resultados à população e "vencer" narrativas da oposição.
O publicitário Sidônio Palmeira, que comandou o marketing da campanha eleitoral em 2022, é o principal cotado para assumir a Secom.
Lula já avaliou a troca na Secom em outros momentos. Em maio, após a enchente no Rio Grande do Sul, Pimenta foi deslocado para conduzir o Ministério da Reconstrução e foi substituído pelo jornalista Laércio Portela. A substituição durou apenas quatro meses. O governo não teve força para aprovar no Congresso a manutenção da nova pasta, que exigia a votação de uma medida provisória (MP).
Ainda indeciso sobre o futuro da Secom, Lula aceitou o retorno de Pimenta a Brasília em setembro, mas já passou a analisar uma possível troca.
Agora, a mudança é aguardada para janeiro. Com recomendação médica para evitar esforço físico, Lula continuará despachando do Palácio da Alvorada nos primeiros dias do novo ano, e deve anunciar o futuro de Pimenta junto a outras trocas na equipe ministerial.