
O mercado reage bem, sem o entusiasmo que ocorreu quando a parte mais absurda do tarifaço foi suspensa por 90 dias, ao que pode ser o início da negociação de tarifas entre Estados Unidos e China. O sinal veio de um comunicado do Ministério do Comércio de Pequim, nesta sexta-feira (2), afirmando que "os EUA enviaram mensagens à China, por meio de partes relevantes, na esperança de iniciar conversas".
Ou seja, depois de capitular e recuar, Donald Trump teve de tomar a iniciativa do diálogo. Ao menos, essa é a versão da China, que diz ainda estar "avaliando" a proposta de negociação. E impôs condições: o Ministério do Comércio avisa que os EUA precisam "mostrar sinceridade", "corrigir suas práticas" e "cancelar tarifas unilaterais".
Na Ásia, a bolsa do Japão subiu 0,1,04%, e de Hong Kong, 1,74%, mas a de Shangai teve variação para baixo de 0,23%. Na Europa, onde os pregões seguem abertos, as altas variam entre 0,85% (Londres) e 1,85% (Frankfurt). No Brasil, o dólar abriu com leve recuo (0,07%, para R$ 5,67) e o Ibovespa futuro registra ligeiro avanço de 0,44%.
A cautela do mercado é compreensível: ainda não há confirmação oficial de conversas e os termos dos chineses foram exigentes. Os negociadores precisarão ser absolutamente técnicos, manter a calma e, se possível, blindar a negociação a postagens de Trump.
Até agora, pelo que a coluna checou na rede social privada do presidente dos EUA, ele está mais ocupado em xingar democratas que pediram seu impeachment e em avisar que vai retirar a isenção fiscal de Harvard, universidade de elite que ousou enfrentá-lo.
O sinal de abertura de tratativas é acompanhado por publicação do jornal Yuyuan Tantian na rede social Weibo reportando que "os EUA entraram em contato proativamente com a China por meio de vários canais, na esperança de manter discussões sobre a questão tarifária". A publicação é considerada uma espécie de porta-voz informal do Ministério do Comércio.