Marta Sfredo

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A coluna online é um pouco diferente da GPS da Economia, de Zero Hora, que também assino. Aqui, cabe tudo. No jornal impresso, o foco é em análise dos temas que determinam a economia (juro, inflação, câmbio, PIB), universo empresarial e investimentos.

Rumo da Selic
Análise

As pistas da ata do Copom sobre o tamanho da nova alta do juro

Direção do BC avisa que, para definir aumento previsto para maio, vai observar inflação, atividade econômica e... Trump

Marta Sfredo

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Raphael Ribeiro / Divulgação
A atual composição do Copom: Izabela Moreira Correa (Integridade Pública), Gabriel Galípolo (presidente), Gilneu Vivan (Regulação), Rodrigo Alves Teixeira (Administração), Diogo Guillen (Política Econômica), Ailton Aquino dos Santos (Fiscalização), Paulo Gomes (Sistema Financeiro), Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais), Nilton David (Política Monetária).

A ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que encerrou a aplicação do choque de juro anunciado em dezembro e levou a Selic a 14,25% avisando que haverá nova alta na reunião de 7 de maio dá poucas pistas óbvias sobre de quanto pode ser esse aumento. No entanto, aponta as duas variáveis que vai observar para a tomada da próxima decisão.

Há muito tempo e por definição, as decisões do Copom são condicionadas pela inflação. Se sobe muito, o juro acompanha, se desce em proporção relevante, a taxa vai junto. Desta vez, além do vaivém dos preços, o BC vai observar com atenção outra variável: a esperada desaceleração da economia. Está lá no item 12 da ata:

"Prospectivamente, o Comitê acompanhará o ritmo da atividade econômica, fundamental na determinação da inflação, em particular da inflação de serviços; o repasse do câmbio para a inflação, após um processo de maior volatilidade da taxa de câmbio; e as expectativas de inflação, que apresentaram desancoragem adicional e são determinantes para o comportamento da inflação futura."

É por isso que o melhor cenário, a essa altura, é que a taxa estratosférica de 14,25% anuais faça o efeito desejado e desacelere a economia. Caso contrário, não só o Brasil estará elevando sua dívida inutilmente como... haverá novas altas da taxa básica.

O detalhamento da decisão de indicar uma nova alta para a próxima reunião,  surpreendendo boa parte do mercado, que esperava uma comunicação mais aberta, sem determinação até do sentido do próximo movimento, foi assim:

"O Comitê, em sua comunicação, optou por conjugar três sinalizações sobre a condução de política monetária, caso se confirme o cenário esperado. Primeiramente, julgou que, em função do cenário adverso para a dinâmica da inflação, era apropriado indicar que o ciclo não está encerrado. Em segundo lugar, em função das defasagens inerentes ao ciclo monetário em curso, o Comitê também julgou apropriado comunicar que o próximo movimento seria de menor magnitude. Além disso, diante da elevada incerteza, optou-se por indicar apenas a direção (sem quantificar) do próximo movimento." 

Nem só inflação e atividade econômica estarão no radar do Copom. Os efeitos da errática política comercial e de inserção global do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, terão papel fundamental.

O problema é que, embora a situação da economia americana tenha sido a primeira menção do Copom, tanto no comunicado quanto na ata, a perspectiva que embasa os cálculos do BC ainda é relativamente benigna:

"O cenário-base do Comitê segue sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana".

Depois de um início de semana marcado por novas idas e vindas na tática de Trump, não há segurança de que haverá calma e ordem na desaceleração. Por isso, o Copom já se vacina:

"(...) além das incertezas inerentes à conjuntura econômica, há dúvidas sobre a condução da política econômica em diversas dimensões, tais como possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, abrangência e intensidade da elevação das tarifas à importação e alterações importantes em preços relativos decorrentes de reorientações da matriz energética, o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes".  

Esse último trecho que a coluna destaca pode ser resumido assim: há risco de alta do dólar. Como se sabe, caso isso ocorra, haverá maior pressão sobre a inflação. Isso significa que o juro será definido com um olho na inflação, outro na atividade e um a mais, em Trump

Leia mais na coluna de Marta Sfredo

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