Começou como especulação, virou opinião dominante informal e, agora, tornou-se "consenso de mercado": a maioria da cerca de uma centena de economistas consultados para o Relatório Focus do Banco Central (BC) prevê alta de 0,75 ponto percentual no juro básico.
Segundo o Focus, a projeção "mediana" (mais frequente) é de que a taxa Selic feche o ano em 12% cravados. Como a taxa está em 11,25% e a reunião que termina na quarta-feira (11) é a última de 2024, está consolidada a aposta majoritária.
É bom lembrar, no entanto, que esse cenário levou certo tempo para se consolidar. Correndo por fora em alta velocidade, há outra aposta com certa força, a de que o Comitê de Política Monetária (Copom) opte por concentrar a alta agora, elevando 1 ponto percentual de uma só vez.
Seria uma manobra maquiavélica do Copom no sentido estrito, de seguir as lições de "um dos primeiros marqueteiros políticos", Nicolau Maquiavel. Uma de suas recomendações era de que o mal deve ser feito de uma vez só, enquanto o bem pode ser entregue a prestação.
A essa altura, o dólar já está há 10 dias acima de R$ 6. Chegar a esse patamar poderia ter sido episódio, mas a permanência nessa altitude também eleva a inflação. Pelas estimativas no Focus, só voltará simbolicamente: o "consenso do mercado" é de que feche o ano em R$ 5,95. Até a semana anterior, a maioria ainda apostava em cotação mais contida, de R$ 5,70 no final de dezembro.
Na manhã desta segunda-feira (9), o dólar abriu em leve baixa, quase uma estabilidade com sinal negativo (-0,33%), mas segue acima dos R$ 6. A dificuldade de aprovar a urgência – só sete votos de "folga" - para a tramitação do pacote de corte de gastos, além da percepção de insuficiência da economia para controlar as despesas em 2025 e 2026, contribuem para essa piora significativa nas projeções de indicadores.
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