Existem os "surtos" - aplicados ao PIB, costumam ser positivos - e, no Brasil, existem "sustos de crescimento". Nesta quinta-feira (14), surgiu mais um: o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) do Banco Central (BC) de setembro teve alta de 0,83% ante o mês anterior.
Veio perto das expectativas máximas e muito acima das médias, ao redor de 0,5%. Só de janeiro a setembro, o indicador acumula alta já superior ao centro da meta: 3,3%.
Para dimensionar o tamanho do susto, basta lembrar que a variação de agosto havia sido de 0,24% (hoje revisado pelo BC para 0,23%).
Mas crescimento não é bom e todo mundo gosta? Depende. Não quando a inflação sobe a ponto de obrigar o Banco Central (BC) a reverter um ciclo de baixa e voltar a elevar o juro básico.
O objetivo de elevar o preço do dinheiro é exatamente o inverso: desacelerar a economia para poder travar repasses de aumento. Quando os consumidores compram menos, desencorajam reajustes. Então, se o juro sobe e, mesmo assim, a economia segue aquecida, adivinhem o que tem de acontecer? É, elevar ainda mais.
Desde o duro comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) na segunda elevação da Selic neste ano, o mercado especula sobre uma "paulada" mais forte, de 0,75 ponto percentual. A ata igualmente dura reforçou essa tese, e o resultado do IBC-Br adiciona outra camada de risco.
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