Depois do "susto" com o crescimento da atividade econômica em fevereiro, já era até esperada uma alta forte no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, mas o 1,9% informado pelo IBGE na manhã desta quinta-feira (1º) veio ainda acima das expectativas.
É um resultado de exceção: se os próximos três trimestres repetissem esse resultado, o Brasil teria um dos maiores avanços no PIB de sua história, acima de 8% - na série atual, a maior taxa de crescimento ocorreu em 2010, com 7,6%.
Mas no Boletim Focus do Banco Central (BC), já com boa parte das expectativas ajustadas depois da surpresa do início de 2023, a projeção mais frequente para o crescimento do Brasil neste ano é de 1,26%. Bem acima do que já foi, mas ainda abaixo do avanço em um só trimestre. Estranho, não?
Como foi a produção agrícola que salvou a lavoura no primeiro trimestre, ainda há expectativa de que os números do segundo ainda sejam beneficiados pelo movimento no campo. No segundo semestre, porém, há menos safras importantes, capazes de movimentar o ponteiro do PIB.
E é aí que mora o perigo, literalmente, de uma recessão. Nesse caso, não é obra de governo - embora possa ser de governoS: a poderosa Alemanha está em recessão técnica, depois de recuar 0,5% no último trimestre de 2022 e 03% no primeiro deste ano. É a ressaca resultante do aperto no juro para conter a inflação de estímulos para sobreviver à pandemia.
O comportamento inesperado do PIB do primeiro trimestre ajudou a disseminar uma brincadeira entre economistas, que a coluna soube por um profissional que não é exatamente fã do atual presidente e pediu para não ser identificado: o "dummy Lula sortudo". Calma que não é o que parece, e a coluna explica: "Dummy", no caso específico, é uma variável binária em um modelo matemático, ou seja, que pode existir ou não, ser 1 ou zero.
Lembrando daquele PIB de 2010, alimentado por um forte ciclo de alta no preço das matérias-primas, e considerando que agora as cotações não caíram tanto quando se esperava, o fator "lucky Lula" (na versão em inglês) não pode ser descartado, dizem economistas. Nem quando o presidente se dá ao luxo de errar.