Raros economistas esperavam um anúncio de corte no juro básico na reunião destas terça e quarta-feiras antes da sexta passada, mas vários tinham expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) enfim fizesse um aceno de que poderia ocorrer logo ali adiante.
No entanto, o anúncio de crescimento de 3,32% na atividade econômica do país em fevereiro - mais de três vezes acima da expectativa do mercado - adicionou suspense até sobre a redação do comunicado à primeira reunião depois da apresentação do texto da nova regra fiscal.
O "susto" com a divulgação do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de fevereiro não foi pequeno exatamente por ter surgido um resultado totalmente fora do radar. E sim, também, pela coincidência de ser justo antes de uma reunião considerada decisiva para o futuro do juro alto no Brasil.
E embora a primeira reação de muitos economistas tenha sido de "epa" para a preocupação com a inflação em vez de "oba" com a atividade pujante, em seguida veio o time do "deixa disso". Em primeiro lugar, porque uma expansão maior no agro - principal "suspeito" de ter crescido acima do esperado - não significa, necessariamente, aumento de preços. Em segundo, porque pode inclusive fazê-los cair, se a oferta de alimentos foi maior.
Com ou sem o "susto", o mercado já andava dividido sobre esta reunião. De novo, não é que muitos esperem corte na Selic - ao contrário. Mas as apostas sobre o teor do comunicado, da data e do tamanho da poda futura divergem. A XP, por exemplo, projeta manutenção do texto - portanto da taxa - e início de corte só em agosto, com 0,25 ponto percentual para chegar a 11% no primeiro semestre de 2024. A Suno, por sua vez, avalia que "se abriu uma janela de oportunidades para que o Copom comece uma discussão inicial sobre corte", e poderia até "diminuir o tom duro do comunicado".