Conhecido por antecipar catástrofes - ficou conhecido como o profeta da explosão da bolha imobiliária, entre 2007 e 2008 - Nouriel Roubini tem uma visão otimista sobre o Brasil.
Segundo Roubini, o superciclo de commodities que eleva preços de matérias-primas produzidas no país - da soja ao minério de ferro - deve durar ao menos por uma década.
Roubini fez a projeção em um evento realizado pelo Citi em Nova York, com empresários brasileiros e jornalistas. Para sustentar seu diagnóstico, disse que, apesar da desaceleração do crescimento econômico nos Estados Unidos e nos países desenvolvidos, a retomada da China e a manutenção da velocidade prevista para a Índia sustentariam a demanda por commodities.
O superciclo atual começou durante a pandemia e ajudou a formar a inflação que assombra várias latitudes. É uma das causas da epidemia de furto de cabos de cobre, porque o preço do mineral quase triplicou, assim como vários outros, do minério de ferro ao paládio. A uma onda anterior de valorização de matérias-primas é atribuído o crescimento econômico acima da média no final da primeira década dos anos 2000 no Brasil - quando Luiz Inácio Lula da Silva foi presidente entre 2003 e 2010.

A predição não catastrófica de Roubini não significa especial simpatia do economista pelo atual presidente: diz que seu discurso atual ecoa mais o de sua sucessora, Dilma Rousseff, do que o de seus próprios mandatos. Mas avalia que entre a "retórica muito populista e o que pode fazer na prática, inclusive com um BC independente", há "limites a favor do Brasil". Um desses fatores de contenção, citou, é a independência do Banco Central.
Toda vez que Lula canta seus feitos passados, um economista murmura "foi o boom das commodities". Seu sucesso, portanto, teria sido mais fruto de sorte do que de competência. Caso Roubini esteja certo - a coluna frisa que o profissional apelidado de Doctor Doom (um vilão de história em quadrinhos, no Brasil chamado de Doutor Destino) gosta de contrariar consensos -, Lula seria mesmo um presidente de muita sorte.
Curiosidade: uma das mais recentes previsões pessimistas de Roubini - a de que o Credit Suisse poderia ser "too big to bail", ou seja, muito grande para ser resgatado, não se confirmou.