Depois do "susto" de fevereiro, era esperado que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) do primeiro trimestre viesse acima das expectativas, em 2,41%.
E mesmo que o indicador não tenha cálculo igual ao do PIB, já deflagrou uma rodada de revisões - para cima, é claro - para a atividade econômica ao longo deste ano.
A primeira iniciativa, claro, veio de uma fonte que tem otimismo - ao menos em público - como requisito do cargo. Ainda na quinta-feira (19), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia antecipado as revisões do governo federal para o PIB, de já animado 1,6% para 1,9%. O mais recente Boletim Focus, também do Banco Central (BC), tinha 1,02% como projeção mais frequente entre uma centena de fontes.
Depois da publicação do BC sobre o IBC-Br, economistas também passaram a rever suas projeções para o ano. Cristiano Oliveira, do Banco Pine, elevou a estimativa para o crescimento em 2023 de 1% para 1,8% - mas mantendo 1% para 2024. Excesso de otimismo? O mesmo especialista prevê recessão no segundo semestre. Rodolfo Margato, da XP, foi mais moderado, situando o novo prognóstico em 1,4%. Mas todos advertem para uma desaceleração ao longo do ano, motivada pela perda do efeito supersafra - ao menos fora do Estado, afetado pela estiagem - e pelo juro alto ("aperto monetário").
Veja análises feitas depois do IBC-Br
XP
"Os últimos indicadores de atividade doméstica surpreenderam positivamente. Além do forte desempenho de setores menos sensíveis ao ciclo econômico (agropecuária e indústria extrativa), o consumo das famílias mostra resiliência."
Pine
"Diversos indicadores coincidentes têm sinalizado que a economia apresenta crescimento moderado no primeiro semestre. Nossa estimativa é de que o PIB tenha crescido 3,8% no primeiro trimestre ante o mesmo trimestre do ano anterior, impactado pela safra recorde. Para o segundo trimestre, nossas estimativas preliminares indicam moderada desaceleração do crescimento e, para o segundo semestre, retração da atividade. A desaceleração da taxa de crescimento ao longo do ano reflete o impacto de condições financeiras bastante apertadas, política fiscal menos expansionista no segundo semestre deste ano ante a a registrada no segundo semestre do ano passado e a menor peso do setor agropecuário no PIB no segundo semestre."
Modal
"A revisão positiva dos dados de janeiro reforça o desempenho robusto e acima do esperado da atividade econômica no primeiro trimestre do ano. A expectativa de safra recorde, que deve favorecer o desempenho do setor agropecuário, aliado a expansão fiscal planejada fortalecendo programas de transferência de renda deve prover algum fôlego para a atividade econômica, com desaceleração gradual ao longo do ano, negativamente impactada pelo aperto monetário em vigor."