Com a colheita de soja chegando à parte final no Rio Grande do Sul, o tamanho das perdas causadas pela falta de chuva vai ficando mais claro. E maior. Uma nova estimativa divulgada pela Emater nesta quinta-feira (4) traz uma atualização dos números da safra, com o volume tendo um novo ponto de corte: a produção do grão está agora estimada em 12,52 milhões de toneladas, 39,09% a menos do que se projetava no início do ciclo e também abaixo do que se previa em março, quando havia sido divulgada atualização.
Há recuo também na produtividade: os 1.923 quilos por hectare apontados neste momento são uma redução de 38,58% sobre o dado inicial e de 11,6% em relação ao de março deste ano. Os números refletem levantamento realizado em 396 municípios do Estado, concluído no último sábado (29) de abril.
— Tem muito resultado do dano que a ausência de chuva causou no início do desenvolvimento vegetativo. Foi prejudicando a planta e repercutindo na disponibilidade da vagem, na qualidade e no tamanho do grão. E isso se refletiu nessa redução apontada nesse último levantamento — explica Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater.
À época da divulgação dos dados na Expodireto Cotrijal, no início de março, havia uma expectativa de que as lavouras cultivadas mais para o final do calendário tivessem resultados melhores.
— A gente esperava que essa soja mais do tarde tivesse um pouco mais de rendimento — reforça Décio Teixeira, vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja-RS).
Os maiores estragos na produção estão nas áreas plantadas "no cedo" e concentrados em parte do Estado — a redução mais expressiva está na regional da Emater da Santa Rosa, com 67% a menos do que o esperado no início do ciclo. No leste do Estado, no entanto, a safra se aproxima mais da normalidade — na região de Caxias do Sul, as perdas de produtividade inferiores a 5%.
— As chuvas, especialmente nas regiões mais afetadas, não foram suficientes para manter as expectativas lançadas na Expodireto. Também, o déficit de chuvas no ciclo inicial das lavouras tardias refletiu danos em qualidade e quantidade de grãos — reforça Baldissera.
Para Teixeira, hoje "é muito difícil estimar uma colheita":
— Tem muita vagem sem grão e lugares muito afetados, é muito desparelho.
No milho, com colheita concluída em 84% da área semeada, os números se mantiveram estáveis em relação ao dado anterior: queda de 39,49% na produtividade e de 41,05% na produção, estimada em 3,6 milhões de toneladas (em números arredondados). A pesquisa foi conduzida em 456 municípios.
A partir de informações colhidas em 423 municípios, os dados do milho destinado à silagem também foram revisados: recuo de 47,17% em produtividade.