Depois de abrir em forte alta e oscilar durante toda a manhã desta quinta-feira (28), o dólar atingiu R$ 6 pela primeira vez na história. Mais exatamente, R$ 6,001. O motivo é a confusão criada pelo anúncio da isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil junto com medidas de corte de gastos. Mas se estende à avaliação das medidas de redução de despesas.
É bom lembrar que o que fica, de fato, para a história, é o fechamento do dia. Por enquanto, o que existe é uma cotação ao longo das negociações diárias, que o mercado chama de "intraday".
A coluna perguntou a Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating se o mau humor do mercado se devia à confusão, ao pacote ou tudo junto, e a resposta foi:
— Tudo junto.
Agostini avalia que a antecipação da segunda fase da reforma tributária "piorou o que já estava ruim". A projeção de déficit primário (sem contar a despesa com a dívida) para 2025 da Austin é de R$ 55 bilhões. Com a projeção de cortes de R$ 30,6 bilhões, para alcançar o déficit zero será preciso bloquear mais R$ 20 bilhões do orçamento.
Além disso, especialistas em contas públicas não cansam de lembrar que, para estabilizar a trajetória da dívida pública, não basta zerar o déficit. É necessário produzir superávit de 1% do PIB - cenário inviável no curto prazo.
Na véspera do anúncio do pacote, o banco americano JP Morgan fez um relatório conjunto sobre Brasil e México para investidores, com avaliação mais positiva para os mexicanos. Reduziu a recomendação de compra de ações negociadas no Brasil, avaliando que o país vive um "dia da marmota" (quando ações se repetem) porque é "muito ambicioso esperar mudanças estruturais" que permitam a estabilização da dívida.