O jornalista Rafael Vigna colabora com a colunista Marta Sfredo, titular deste espaço.
Tradicional rede varejista do Rio Grande do Sul com cerca de 300 lojas espalhadas pelo Estado, a Lojas Lebes teve de superar uma pandemia, entre 2020 e 2022, e, agora, a enchente de maio deste ano para concluir um projeto antigo. Trata-se do maior centro logístico em solo gaúcho, cujo primeiro dos seis pavilhões previstos começou a funcionar, em Guaíba, há menos de um mês.
A área, inaugurada no dia 11 de julho, fica às margens da BR-116 e dá a largada para o Ecossistema Logístico do Grupo Lebes (Ellosul), que tem investimento de R$ 500 milhões e previsão de gerar 3 mil vagas de trabalho quanto estiver 100% concluído.
Convidado do Tá na Mesa, da Federasul, desta quarta-feira (7), o presidente da rede, Otelmo Drebes, refez os caminhos que possibilitaram superar os dois desafios inesperados no meio do percurso.
Isso só foi possível, segundo ele, pela aplicação de um conceito pouco disseminado fora do ambiente das grandes empresas: a matriz de riscos.
— Em 2019, já tínhamos e ainda temos um conselho de administração consultivo. Precisávamos fazer uma matriz de riscos para verificar todas as coisas que têm possibilidade de acontecer. A matriz de riscos identificou em março (de 2020) uma tal de pandemia e que não tinha aquilo em lugar nenhum. Confesso que, para mim, era até uma palavra nova, não sei se era só eu que não conhecia, mas aquilo nos afastou por dois anos — comentou.
Quando as obras foram retomadas em maio do ano passado, uma prévia do que ocorreria em 2024, com a enchente de 2023, voltou a travar os cronogramas.
De acordo com Drebes, antes de consolidar o primeiro pavilhão e dar continuidade ao ritmo que prevê abrir um novo a cada nove meses, foi necessário enfrentar outro desafio.
Ele conta que a empresa tem cerca de 70% de suas vendas à crédito. Nos últimos 60 dias, apenas 21% dos vencimentos foram quitados, o que já era esperado e, inclusive, gerou um programa de anulação dos juros referentes aos atrasos nas parcelas do carnê da loja.
Da porta para dentro, a unidade do Centro de Porto Alegre foi alagada. Antecipação do 13º salário e empréstimos pessoais para os cerca de 900 funcionários foram algumas das ações implementadas, assim como o auxílio psicológico para os 260 colaboradores que perderam as suas casas.
— Quando fui convidado para falar sobre retomada, imediatamente aceitei, porque se fosse para falar das queixas, dos problemas, isso a gente fala no dia a dia, mas para falar da retomada dos investimentos no Estado, não tive dúvidas.
O evento também contou com a participação do diretor-geral da CMPC, Antonio Lacerda, que apresentou o que é considerado o maior investimento privado do RS e também o maior aporte de uma empresa chilena fora do país.
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